sábado, 29 de abril de 2017

                          Solidão


...e nesse exato momento que você está lendo esta frase, centenas de milhares de pessoas, em diversos lugares do planeta Terra, estão... sozinhas... sem ninguém... na rua... em casa... numa festa... se casando... se separando... sem ninguém pra ouvi-las, mas sem qualquer garantia de que elas quisessem falar.

A solidão pula do seu lugar reservado para pessoas velhas, inválidas e/ou doentes para o patamar de todas as crenças, raças, tipos, gente, gente adulta, gente criança, gente num bolo de gente. É a solidão do século XXI, de proporções gigantescas, ameaçadoras, acharcadoras, cúmplices de uma maioria alienada, que se deixa levar, não acolhe mais e nem escolhe mais, nem mesmo o que vai comer ou beber. Vive-se e dane-se. Rola-se a vida como uma bola. Pensamentos se resumem aos fins de semana, desesperadamente esperados, vivendo-se uma vida de oito dias ao mês, sendo que são oito dias sem garantia de inclusão, respostas, companhia, amizade, beijos, sexo, jogos, dança ou seja lá mais o que cada um tanto deseja, mas não almeja, perdido na euforia e nervosismo dos dois únicos dias por semana que cada um  tem para tentar se realizar.

Amargo engano pensar e se deixar levar pela enxurrada de ideias e projetos, como se pudesse manipular  a vida, ser dono dela. 

A vida não tem scripts. Ninguém escreveu o próximo capítulo. Ninguém sabe nada, nem você, que está lendo este exato trecho desse texto, pode arriscar um palpite. De repente, alguém pode bater na porta, ou tocar o telefone, chover, alguém na rua pedir socorro, você cair... enfim... 

Solte-se...  Respire... Pare com a negação. Tudo a sua volta é verdade nesse exato momento, apenas, mas é. A sua vida tem uma história e isso é imutável, a semana tem sim sete dias e o mês trinta e às vezes até trinta e um... Você aguenta. Aguentou até hoje e vai aguentar mais. Basta você se provocar. Sim se provocar, se desafiar a dizer o que vai acontecer daqui a... dez minutos? Uma hora? Amanhã? Na próxima semana?... Não, você não pode dizer e isso, no meio do tormento da solidão cheira a sarcasmo, deboche. Porque você quer mudanças, pessoas, amigos, conversa, gargalhada, chopinho, música, amor, sorriso de criança, mas continua sozinho. Até quando? Até quando você ficará esperando o desconhecido? Não há o que esperar. Mude. Mude tudo.

Mude seu trajeto. sua estrada, seu rumo. Surpreenda-se, pensando em cores diferentes, formas diferentes, customize suas roupas, mude a maquiagem, leia livros que abordem outros temas, apaixone-se por essa nova pessoa. Faça-se surpresas. Falte um dia ao trabalho para andar na areia da praia. Ninguém vai morrer por isso. Seja menos consequente e mais inconsequente. 

Se há um segredo para acabar com a solidão, esse segredo é o interior de cada um. Vazio ou cheio? Se vazio, assim você estará em qualquer lugar. Cheio, assim você estará, também em qualquer lugar, também, mas sem rédeas, sem cangalha, sem ter que agarrar-se as pernas de alguém implorando para este não ir embora.

Preencha-se. Seja pleno, farto, rico de lembranças gostosas, dos seus próprios filmes. Você é protagonista de cada filme que gravou em sua memória. Viva as energias acumuladas dentro de cada célula, sonhe, faça planos de curto prazo e principalmente, os torne viáveis, possíveis, mas faça alguma coisa, ou melhor, faça alguma coisa diferente. Não repita suas falhas, não crie mais ecos dentro de você. Infle seu ego com sabedoria, cultura, bom gosto, bom senso, inquietudes, pois nesse jogo de solidão, quem encontrar primeiro a saída, vence e tranca a porta dos laços e nós de uma vida sem graça e sem nexo.
PS. Adote um bichinho de estimação. Você aprenderá muito sobre amor incondicional e o que é nunca estar só.



Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.
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