terça-feira, 30 de abril de 2013

Peso X Remédios


       Excesso de peso pode não ser só efeito colateral de                 remédio psiquiátrico

Catherine Saint Louis              

The New York Times

Laura Ward, de 41 anos, sempre atribuiu seus quilos em excesso aos medicamentos contra depressão grave que tomava. Então ela, que tem 1,67 cm e chegou a pesar 100 quilos, não tentava emagrecer nem evitava cair em armadilhas da alimentação, como o frango frito.
Porém, em um ensaio clínico, Ward conseguiu perder mais de 13 quilos praticando aeróbica de baixo impacto três vezes por semana. Durante o experimento, que durou 18 meses, ela foi apresentada à couve-flor e sentiu dores após fazer exercício pela primeira vez. Ela e os demais participantes frequentaram sessões de aconselhamento, onde praticavam recusar comidas sem qualidade e escolher porções menores. Ela passou a beber dois litros do refrigerante Diet Dr. Pepper por dia, em vez de oito.
Com o passar do tempo, Ward, que vive em Baltimore, percebeu que sua forma física não era simplesmente um efeito colateral de medicamentos. "Se fossem apenas os medicamentos, eu nunca teria perdido todo esse peso", disse ela.
Efeito colateral
As pessoas que têm doenças mentais graves, como esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressão maior, são pelo menos 50% mais propensas a ter excesso de peso ou obesidade do que a população em geral. Elas morrem mais cedo também, tendo como causa principal a incidência de doença cardíaca.
No entanto, a alimentação e a prática de exercícios geralmente ficam em segundo plano no tratamento de suas doenças. Os medicamentos usados, como antidepressivos e antipsicóticos, podem aumentar o apetite e peso. 
"O tratamento contribui para o problema da obesidade", disse Thomas R. Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental. "Nem todas as drogas fazem isso, mas isso fez com que o problema da obesidade se agravasse na última década."
Essa tem sido uma questão difícil para os especialistas em saúde mental. Uma análise dos programas de promoção da saúde para as pessoas com doença mental grave, publicada em 2012 por pesquisadores de Dartmouth, concluiu que em 24 estudos bem elaborados, a maioria das pessoas alcançou uma perda de peso estatisticamente significativa, mas muito poucas alcançaram uma "perda de peso clinicamente significativa".
Estudo
No entanto, um estudo publicado online no The New England Journal of Medicine em março divulgou as evidências mais abrangentes já disponibilizadas de que as pessoas com doença mental grave podem perder peso, apesar dos desafios. Cerca de 300 pessoas com esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno esquizoafetivo ou depressão – incluindo Ward – foram distribuídas entre um grupo de controle que recebeu uma alimentação básica e informações sobre a prática de exercícios e outro cujos membros se exercitavam juntos e participavam de sessões de controle de peso.
A diferença média entre os grupos após 18 meses foi de apenas 3,5 quilos, mas estudos mostram que isso já é suficiente para reduzir os riscos cardiovasculares, notaram os pesquisadores. Cerca de 38% dos participantes do grupo de intervenção perderam ao menos 5% do seu peso inicial, em comparação com apenas 22,7% dos membros do grupo de controle.
 A diferença entre os dois grupos poderia ter sido maior, já que o grupo de controle se beneficiou de um dos aspectos da intervenção: as escolhas alimentares mais saudáveis oferecidas nos 10 programas psiquiátricos onde o estudo foi realizado, como peixe cozido em vez de frito.
"Essa população pode mudar", disseGail L. Daumit, principal autora do estudo e internista da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. "Existe um forte estigma que diz que eles não têm como mudar."
A maioria dos outros estudos reuniu "uma população definida de maneira bastante limitada que excluiu as pessoas que têm muitas comorbidades", disse Caroline Richardson, do Sistema de Saúde de Veteranos de Guerra de Ann Arbor, Michigan. Mas esse estudo "se aplica a inúmeras pessoas".
O estudo sugere que a perda de peso pode ter uma trajetória diferente no caso das pessoas com doença mental. No grupo de intervenção, a perda de peso não "se intensificou logo" e, em seguida, desacelerou, como às vezes acontece em programas direcionados para pessoas sem doença mental, disse Daumit. Em vez disso, ela foi "progredindo ao longo do experimento".
Desde o término do estudo, Ward disse que recuperou pelo menos 7 quilos. Ainda assim, todos os dias ela caminha por 20 minutos.
Stephen J. Bartels, professor de psiquiatria de Dartmouth e coautor da análise de 2012, disse que as intervenções mais eficazes junto às pessoas com doença mental combinavam estratégias de educação e atividade estruturada, com foco na prática de exercícios e na alimentação.
Aulas e programas de exercícios parecem funcionar melhor quando estão disponíveis nos locais onde são prestados serviços de saúde mental. E esses programas provavelmente deveriam durar por pelo menos seis meses, disse ele.
Se perder peso é um desafio para qualquer um, imagine para as pessoas que têm problemas cognitivos e de memória. No estudo conduzido por Daumit, os pesquisadores deram cartas aos participantes para que eles as levassem na carteira e na bolsa; elas enfatizavam mensagens a respeito de evitar, por exemplo, bebidas açucaradas.
Programas
Um dos poucos programas de promoção da saúde amplamente testados por pessoas com doenças mentais é o InShape, disponível em 10 localidades de New Hampshire e em nove programas em outros cinco estados. Um dos princípios do programa é fazer com que os pacientes definam seus próprios objetivos, com a ajuda de um "mentor" pró-saúde que às vezes também os acompanha até a academia para evitar que eles se sintam desconfortáveis.
Em uma intervenção randomizada e controlada com duração de um ano que utilizou o InShape, a ser publicada no periódico Psychiatric Services, quase metade dos 133 participantes teve ou uma perda de peso clinicamente significativa (de pelo menos 5% do peso corporal) ou melhorias clinicamente significativas graças a uma caminhada de seis minutos, disse Bartels, o principal autor do estudo.
"Muitos deles acabam se sentindo impotentes quanto a evitar o ganho de peso", Ken Jue, que criou o InShape na agência de saúde Monadnock Family Services, em Keene, New Hampshire, em 2003. "Nós tentamos incentivar as pessoas e dizer que elas têm algum controle sobre essa situação."
Fonte: www.uol.com.br

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Estupidez - Porque as pessoas fazem coisas idiotas


Por que as pessoas fazem coisas idiotas.










Gustave Flaubert escreveu que “a terra tem seus limites, mas a estupidez humana é infinita”. Suas muitas cartas a Louise Colet, a poetisa francesa que inspirou o romance Madame Bovary, estão cheias de afrontas e xingamentos dirigidos a seus colegas mais insensatos. Flaubert via a burrice em tudo, desde as fofoqueiras da classe média às palestras dos acadêmicos.

Nem Voltaire escapou de seu olhar crítico. Consumido por essa obsessão, Flaubert dedicou seus últimos anos a reunir milhares de exemplos para uma espécie de enciclopédia da burrice. Ele morreu antes de completar sua obra-prima, e alguns biógrafos atribuem sua morte súbita, aos 59 anos, à frustração causada pela pesquisa para o livro. 

Documentar a extensão da estupidez parece uma missão impossível, mas estudos recentes sobre o tema levantam perguntas intrigantes. Se a inteligência é uma vantagem tão grande, por que não somos todos uniformemente inteligentes? E por que até as pessoas mais inteligentes cometem idiotices? Acontece que nossas medidas tradicionais de inteligência, especialmente o QI, não têm muito a ver com os comportamentos irracionais e ilógicos que irritavam Flaubert. Você pode ser, ao mesmo tempo, altamente inteligente e muito estúpido.

Entrevista:Pesquisador explica como empresas podem nos tornar estúpidos. 

A ideia de inteligência e burrice como extremos opostos de um único espectro é moderna. Na Renascença, o teólogo Erasmo de Roterdã elogiou a Loucura como uma entidade descendente do deus da riqueza e da ninfa da juventude; outros autores a viam como uma combinação de vaidade, teimosia e imitação. Foi apenas em meados do século 18 que a estupidez começou a ser identificada com a inteligência medíocre, diz Matthijs van Boxsel, historiador holandês que escreveu sete livros sobre o tema. “Nessa época, a burguesia subiu ao poder e, com o Iluminismo, a razão se tornou a nova regra”, explica. 


POR QUE A BURRICE EVOLUIU 
As tentativas modernas de estudar a variação nas habilidades humanas de cognição concentraram-se nos testes de QI, que dão uma nota à capacidade mental de um indivíduo. Até um terço dessa variação no índice é causada pelo ambiente em que crescemos: nutrição e educação, por exemplo. Os genes contribuem com mais de 40% das diferenças entre dois indivíduos. 

Essas diferenças podem se manifestar no modo como nosso cérebro está estruturado. Cérebros inteligentes possuem redes de conexões mais eficientes entre os neurônios. Isso pode determinar a capacidade de usar a “memória de trabalho”, aquela de curto prazo, para relacionar ideias díspares e acessar rapidamente estratégias de solução de problemas, explica Jennie Ferrell, psicóloga da Universidade do Oeste da Inglaterra, em Bristol. “Essas ligações neurais são a base para a realização de conexões mentais eficientes.” 

A grande variação no QI levou alguns pesquisadores a questionarem um possível efeito negativo da capacidade cerebral superior. Se a inteligência não tivesse custo nenhum, por que a evolução não transformou todos nós em gênios? Infelizmente, as evidências nessa área são escassas. Alguns autores propõem que a depressão pode ser mais comum entre indivíduos mais inteligentes, o que levaria a índices de suicídio mais elevados, mas nenhum estudo revelou achados que apoiem essa tese. 

As diferenças na inteligência também podem ter se originado de um processo chamado “deriva genética”, depois que a civilização superou os desafios que motivaram a evolução de nossos cérebros. Gerald Crabtree, pesquisador da Universidade de Stanford, é um dos principais defensores dessa ideia. Ele lembra que nossa inteligência depende de cerca de 2 mil a 5 mil genes em mutação constante. No passado distante, pessoas cujas mutações atrasavam seu intelecto não teriam sobrevivido para passar seus genes adiante, mas Crabtree sugere que, à medida que as sociedades se tornaram mais colaborativas, os indivíduos com raciocínio mais lento aproveitaram o sucesso dos mais espertos. Na verdade, ele diz que um viajante do tempo do ano 1.000 a.C. que chegasse à sociedade moderna estaria “entre os indivíduos mais inteligentes e intelectualmente ativos”. 

A teoria costuma ser chamada de hipótese da “idiocracia”, em homenagem ao filme de mesmo nome, que imagina um futuro no qual a rede de segurança social criou um deserto intelectual. Apesar de ter seus defensores, as evidências em prol dela são fracas. É difícil estimar a inteligência de nossos antepassados distantes, e o QI médio aumentou um pouco no passado recente. “Isso desmente o medo de que pessoas menos inteligentes têm mais filhos e, logo, a inteligência vai diminuir”, afirma o psicólogo Alan Baddeley, da Universidade de York. 

CULTURA IRRACIONAL 
Novas descobertas estão levando muitos pesquisadores a sugerir que o pensamento humano tem mais dimensões do que as medidas pelos testes de QI, o que pode forçar uma revisão radical no tema. Críticos sempre disseram que o QI é facilmente afetado por fatores como dislexia, educação e cultura. “Eu provavelmente iria muito mal em um teste de inteligência elaborado por um índio Sioux do século 18”, afirma o psicólogo Richard Nisbett, da Universidade de Michigan, nos EUA. Sabemos que pessoas com pontuações baixas, chegando a um mínimo de 80, conseguem falar múltiplos idiomas e que QI alto não é garantia de racionalidade: pense nos físicos brilhantes que insistem que a mudança climática é uma farsa. 

“Existem pessoas inteligentes que são estúpidas”, diz Dylan Evans, psicólogo e escritor que estuda as emoções e a inteligência. O que explica esse aparente paradoxo? Uma das teorias vem de Daniel Kahneman, cientista cognitivo da Universidade de Princeton que recebeu o Prêmio Nobel em Economia por suas pesquisas sobre o comportamento humano. Os economistas costumavam presumir que as pessoas são inerentemente racionais, mas Kahneman e seu colega Amos Tversky descobriram que não é bem assim. Eles demonstraram que quando processamos informações, nossos cérebros podem acessar dois sistemas diferentes. Os testes de QI mensuram apenas um: o processamento que é crucial para a solução de problemas no consciente. Mas no cotidiano, nosso modo-padrão é utilizar o sistema mais intuitivo. 

Os mecanismos intuitivos nos deram uma vantagem evolucionária, pois oferecem atalhos que ajudam a lidar com a sobrecarga de informações. Eles incluem usar estereótipos, viés de confirmação e a tentação de aceitar a primeira solução para um problema mesmo que obviamente não seja a melhor (confira isso no teste do quadro à direita). 

Esses vieses produzidos pela evolução ajudam nosso raciocínio em certas situações, mas também podem atrapalhar decisões quando usados sem um olhar crítico. Assim, a incapacidade de reconhecer ou resistir a eles é um elemento fundamental da estupidez. “O cérebro não tem um interruptor que diz ‘vou usar estereótipos para definir restaurantes, não para pessoas’”, explica Ferrell. “É preciso treiná-lo.” 

Como a estupidez tem zero relação com o QI, entendê-la de verdade requer um novo teste para examinar nossa susceptibilidade a vieses. É o que propõe Keith Stanovich, cientista cognitivo da Universidade de Toronto, no Canadá, no seu Quociente de Racionalidade (QR — saiba mais no primeiro quadro desta reportagem). O QR servirá para avaliar nossa capacidade de reconhecer os vieses cognitivos. 

Mas o que determina se você tem ou não um QR naturalmente alto? Stanovich descobriu que o QR não se resume aos genes ou fatores ambientais durante a infância. Depende da metacognição, a capacidade de determinar a validade de seu próprio conhecimento. Pessoas com QR alto desenvolveram essa consciência em algum momento. Um jeito simples de treinar isso é pegar a resposta intuitiva a um problema e considerar seu lado oposto antes de decidir. Exercícios como os do quadro da página anterior também ajudam. Mas mesmo quem tem um QR naturalmente alto não está a salvo da estupidez. “Você pode ter habilidades cognitivas excelentes, mas é o ambiente que determina como deve agir”, explica Ferrell. 

Distrações emocionais podem ser a maior causa desse tipo de estupidez. Sentimentos como luto ou ansiedade ocupam a memória de trabalho, fazendo com que sobrem menos recursos cerebrais para avaliar o mundo ao seu redor. Para lidar com a dificuldade, você pode acabar recorrendo a atalhos. Ambientes coorporativos, principalmente de empresas que lidam com conhecimento, estão entre os que mais estimulam a estupidez, explica o professor da Cass Business School Andre Spicer na entrevista ao lado. Para ele, funcionários brilhantes de bancos e consultorias foram vítimas de um tipo de estupidez organizacional que ajudou a provocar a crise financeira. 

Isso pode explicar por que, de acordo com Stanovich, o setor financeiro implora por um bom teste de racionalidade “há anos”. Por ora, o incipiente teste de QR não oferece um escore definitivo, é preciso comparar um grande número de voluntários antes que seja possível desenvolver uma escala para avaliar diferentes grupos. Stanovich começou a desenvolver o teste em janeiro. Se alguém vai terminar o que Flaubert começou é outra questão. Van Boxsel vai se aposentar depois do sétimo livro sobre o tema. Mas a Biblioteca do Congresso dos EUA, talvez por acidente, assumiu a tarefa: decidiu arquivar todos os tweets do mundo. 

Fonte: www.revistagalileu.globo.com


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Criança x tecnologia. Uma conta que não dá certo.


Vício por iPad de britânica de 4 anos faz pais buscarem ajuda psiquiátrica


Uma menina de 4 anos, moradora da região sudeste do Reino Unido, se tornou uma das pacientes mais jovens a ser tratada no país contra o vício em usar o iPad. Segundo informações do "Daily Mail", a garota está fazendo tratamento psiquiátrico em uma clínica na capital do país.
A criança, que não teve a identidade revelada, usa o tablet da Apple desde os três anos de idade. De acordo com os médicos, o vício é ligado aos jogos existentes no tablet -- a menina apresenta sintomas de abstinência quando o aparelho é tirado dela.
Richard Graham, da clínica Capio Nightingale, em Londres, é um dos psiquiatras que trata do caso, afirma que muitos outros casos envolvendo crianças viciadas em tablets estão ocorrendo no país. A recomendação do psiquiatra aos pais da menina foi a de que eles tratassem do problema antes que ela chegasse aos 11 anos de idade – o vício poderia ser tão grave que ela necessitaria de internação.







Crianças compram extras para jogos no iPad e dão ''rombo'' no cartão dos pais14 fotos

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Os tablets são boas babás para as crianças, até os pais perceberem o perigo dascompras dentro de aplicativos de jogos ditos ""gratuitos"" e terem de arcar com gastos ""estratosféricos"" direto no cartão de crédito. Casos envolvendo a Apple aumentaram depois que a empresa passou a permitir a compra de créditos extras diretamente nos jogos. Eles são tantos que, nos Estados Unidos, a Justiça americana determinou neste ano que a Apple pagasse US$ 100 milhões (cerca de R$ 200 milhões) em indenização a pais que tiveram contas fora do comum no iTunes. Veja a seguir alguns dos casos no mundo Arte UOL
"Não deixe o seu iPad por aí, porque se fizer isso e a criança ver todas aquelas cores bonitas, elas vão querer usar também", alerta Graham.
Os sintomas do vício em tablets em crianças, segundo Graham, podem ser observados quando o aparelho é tirado delas, fazendo-as reagir com birras e comportamento incontrolável.
Outros pacientes viciados em tablets tratados por ele recebem aconselhamento online e via Facebook. O valor cobrado para a "desintoxicação tecnológica" é de 16 mil libras (cerca de R$ 46 mil).
Fonte: www.uol.com.br

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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Por que ler dá sono?

Por que ler dá sono?


O problema não é a leitura, é você. E a hora em que resolve abrir o livro

por Cristine Kist














Não é ler um livro que dá sono, claro, mas substâncias químicas que agem no corpo. Uma delas é a adenosina, que se acumula ao longo do dia. Quanto mais adenosina, maior o sono, explica Fábio Haggstram, diretor do Centro de Distúrbios do Sono do Hospital São Lucas, de Porto Alegre. Ou seja, o problema, na verdade, é a hora da leitura. Experimente ler em outro horário. Você pode até sentir preguiça, não conseguir nem virar a página e se entediar. Mas não terá sono.



Já a segunda substância envolvida é a melatonina. Ela regula o sono, pois é liberada quando o ambiente escurece. Por isso dormimos, normalmente, à noite. E, como a luz inibe a produção de melatonina, quem lê no tablet, por exemplo, tende a sentir menos sono do que quem lê no papel. É por esse mesmo motivo que é mais fácil passar horas na internet ou vendo televisão do que ler um bom livro de madrugada. Não se sinta culpado se a TV estiver mais agradável às 4h.


Três dicas para não dormir

Ponha a leitura em dia antes de cair no sono


1. Começou a bocejar? Levante e dê uns pulinhos. Estar acordado é reagir a estímulos, e esse pequeno exercício nada mais é do que um estímulo motor. De quebra, vai ajudar a quebrar a monotonia.

2. Ler em voz alta exercita outras partes do cérebro, como o lobo temporal (relacionado à audição) e o lobo frontal (relacionado à produção da fala), e vai acabar com aquela preguiça momentânea.

3. Leia sentado. É lógico: a não ser que você tenha problema na coluna, é mais difícil dormir sentado do que deitado, já que, para dormir, é preciso relaxar toda a musculatura, o que não ocorre sentado.

Fonte: www.superinteressnte.com.br


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Na Antártida, uma geleira Sangra...



Na Antártida, uma geleira sangra


Do alto da geleira Taylor, na Antártida, brota um misterioso líquido vermelho

por Fabio Marton



A cena se encaixaria bem num filme de terror: na distante Terra de Vitória, que fica na porção leste da Antártida (3 500 quilômetros ao sul da Nova Zelândia), existe uma cachoeira de sangue. Do topo de uma geleira, brota um líquido avermelhado e viscoso que escorre lentamente. Matança de animais? Obra de algum fenômeno sobrenatural? O caso intrigou a bióloga Jill Mikucki, da Universidade Dartmouth, que decidiu recolher e estudar amostras do líquido. "Detectamos 17 espécies de bactérias, mas é provável que haja mais", diz. Segundo ela, essas espécies de bactérias são tão desconhecidas que nem têm nome científico - e só existem nesse lugar, que foi apelidado de Blood Falls ("Queda de Sangue", em inglês). 

O tal sangue é água salgada misturada com óxido de ferro, e é produzido pelas bactérias. Elas vivem embaixo da geleira e se alimentam do ferro contido no solo, e como produto de sua digestão secretam esse líquido que parece sangue (ele tem a cor vermelha porque, como os glóbulos vermelhos do sangue, contém ferro). Além de comer pedra, as bactérias de Blood Falls têm outra característica intrigante: são incrivelmente resistentes. Vivem sem luz nenhuma, a 7 graus negativos e suportam uma pressão atmosférica 40 vezes maior que a normal (causada pelo peso da geleira). "Eu compararia esse lago com as calotas polares de Marte", afirma Mikucki.
Imagem: divulgação

Fonte: www.superinteressante.com.br


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Eles vêem Espíritos, o que Você acha?


Eles vêem espíritos. O que você acha?


Para a ciência, ver e ouvir fantasmas não tem nada de sobrenatural: tudo é criado pelo cérebro. Agora os cientistas tentam explicar por que tanta gente, em diferentes épocas e civilizações, afirma ver espíritos

Texto Aryane Cararo

No rádio tocava Oceano, de Djavan. Maurício ia de São Paulo a Santos e acabava de entrar no primeiro túnel da Rodovia dos Imigrantes. Foi quando sentiu um calafrio e ouviu:
– Ai, gosto tanto dessa música.
– Tia, o que a senhora está fazendo aqui?, disse Maurício, reconhecendo a voz.
– Ué, estou indo para a praia, responde a tia, com naturalidade.
– Mas a senhora não pode. A senhora está morta faz uma semana.
Dona Rosa, a tia de Maurício que apareceu no carro de repente, reclamava de que estava perdida e ninguém tinha ido buscá-la. “Só vi o Zé [o irmão dela], mas parecia que ele estava de fogo”, disse. Sem saber o que fazer, o sobrinho sugeriu que­ ela aguardasse pa­ra seguir seu caminho. Antes de sumir do veículo, a mulher agradeceu a coroa de flores e só não deixou mais perplexo o administrador e engenheiro eletricista Mau­rício Casagrande porque essa não era a primeira vez que algo parecido acontecia. As primeiras manifestações estranhas apareceram na infância, mas foi depois dos 27 anos que ele passou a protagonizar cenas de horror: acordava durante a noite e via figuras cadavéricas no quarto, ouvia vozes e começou a adivinhar data e hora da morte de pessoas próximas. Entre o susto e o incômodo, buscou ajuda médica com psicólogos, psiquiatras, neurologistas. Nun­ca encontrou nada errado.


Para a ciência, espíritos não existem. Nossa personalidade, nossa inteligência, nosso caráter, tudo é determinado pelas conexões cerebrais. Quando morremos, as células têm o mesmo fim, sem deixar possibilidade para alma ou fantasmas aflorarem. Mas os próprios cientistas reconhecem que relatos de experiências sobrenaturais e de contato com os mortos, como o do engenheiro Maurício, estão presentes em diversas civilizações e são quase tão antigos quanto a escrita.

 A possessão por deuses e demônios aparece desde 2000 a.C. O Tratado do Diagnóstico Médico e do Prognóstico, um conjunto de 40 pedras ba­bilônicas dedicadas à medicina, descreve as alucinações auditivas e as ausências súbitas com um caráter sobrenatural. Hieróglifos também revelam que os egípcios acreditavam que mortos ou demônios entravam no corpo dos vivos e provocavam tais sintomas. O caráter sagrado também esteve presente na Grécia antiga, onde alucinações eram chamadas de “doença sagrada” ou “doen­ça da Lua”. 


Com o advento do cristianismo, os inúmeros deuses deixaram de ser a causa para esses fenômenos. Surgiram as explicações naturais, como a de que a Lua provocava o aquecimento da Terra e isso faria o cérebro derreter, gerando as crises. Na Idade Média, quem tinha alucinações era considerado herege.
 Joana D’Arc, queimada em 1431 quanto tinha 29 anos, começou a ouvir vozes e perceber luzes estranhas ainda adolescente. Hoje, os espíritos inspiram todo um gênero de cinema – os filmes de terror –, sem falar em contos da literatura universal, novelas e conversas em família. Com tantas histórias distantes, porém parecidas, é muito fácil acreditar que há algo além ao nosso redor.
Apesar de tantos relatos semelhantes, só nos últimos 20 anos é que o assunto saiu dos filmes de terror e voltou a ocupar as páginas de estudos científicos sérios. As pesquisas focam desde o perfil dos chamados médiuns a análises neurológicas que relacionam alucinações a epilepsia e ao fenômeno do déjà vu. Ainda não existe uma explicação definitiva do fenômeno da mediunidade, mas há conclusões suficientes para destruir vários mitos sobre o tema.



Quem vê gente morta?

Primeiro mito: o de que pessoas que afirmam ver espíritos são malucas. Em boa parte dos casos, quem vive esse fenômeno são profissionais com ensino superior, pais e mães de famílias de classe média e alta, que mantêm a experiência em segredo e recorrem a dezenas de médicos para saber o que está acontecendo.

Em 2005, o psiquiatra Alexander Moreira de Almeida, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e membro do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (Neper) da USP, aplicou testes psicológicos em 115 médiuns da capital paulista. A maioria deles era formada por pessoas que afirmavam incorporar espíritos, falar coisas que estão sendo ditas por mortos, ter visões e ouvir vozes. Almeida descobriu que pessoas bem instruídas e ocupadas formavam sua amostra: 46,5% tinham escolaridade superior e apenas 2,7% estavam desempregados. “Esses dados mostram que não são pessoas desajustadas socialmente”, diz. A maior revelação veio dos resultados do SQR (Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire), um questionário aplicado para detectar transtornos mentais. Quanto mais respostas positivas, mais alta é a probabilidade de a pessoa ter um transtorno. “Em menos de 8% delas o resultado deu positivo, o que é muito pouco. Na população brasileira, esse índice fica entre 15% e 25%.” Outra surpresa veio com o teste de Escala de Adequação Social. O psiquiatra verificou que os médiuns que relatavam incorporar espíritos com uma freqüência maior eram os mais ajustados socialmente e também aqueles que menos tinham sintomas de transtornos psiquiátricos.



A notícia é um alívio para quem sofre a pressão de viver experiências mediúnicas e se pergunta o tempo todo onde está o limite entre a loucura e a sanidade. “Sou um cara cético. Até hoje me pergunto se o que vejo não é criação da minha cabeça”, diz Maurício Casagrande. “Quando as imagens ficaram mais freqüentes, achei que estava ficando esquizofrênico e fui procurar ajuda na medicina.” Maurício chegou a dormir duas noites no Hospital São Paulo, vigiado por equipamentos de mapeamento cerebral, e a tomar ansiolíticos, que não o impediram de continuar acordando com presenças fantasmagóricas. Apesar das inúmeras tentativas, não se descobriu nenhum transtorno mental. “Até que um dia um médico falou para eu procurar um lado mais espiritual. Veja só: um médico falando isso!”, diz ele.


As consultas médicas também fizeram parte da adolescência de Regina Braga, hoje com 52 anos. Aos 15, ela começou a acordar rodeada de estranhos. “Eram figuras grotescas. Eu via pessoas com os olhos esbugalhados em cima de mim. Comecei a entrar em parafuso”, diz. Os pais passaram a levá-la a médicos, que receitavam calmantes. “O tranqüilizante era uma porta de acesso maior. Eu relaxava, ficava indefesa e os ataques à noite eram mais ferozes.” Aos 17 anos, Regina entrou em uma espécie de coma. “Os médicos fizeram de tudo para que eu despertasse, mas eu não tinha nenhuma reação.” Ao sair do que chama de “transe”, foi transferida para a clínica de um médico espírita, que soube tratá-la. “Se fosse outro médico, acho que me mandaria para um hospício.”



O medo de ter problemas mentais impede muitas pessoas de falarem abertamente sobre o assunto. “A literatura médica diz que de 15% a 30% da população tem algum tipo de vivência sobrenatural. Essas pessoas não contam para ninguém por medo de acharem que estão loucas”, afirma o psiquiatra Almeida. O engenheiro Maurício é um exemplo de quem evita propagandear. “Se tem uma coisa que não suporto são os ‘esochatos’, aquele bando de esotéricos que ficam tentando convencer a pessoa a seguir alguma idéia. Tenho medo de rótulos, por isso prefiro não comentar”, diz.


Os médiuns na história

De fato, os cientistas que começaram a estudar esses fenômenos foram os que tratavam doenças mentais. Em 1889, o psiquiatra francês Pierre Janet foi o primeiro a propor a existência de uma segunda consciência. Para ele, quando a personalidade perdia a coesão (o fluxo normal de idéias e pensamentos), uma corrente secundária de idéias, vontades e imagens se sobrepunha à consciência, gerando automatismos motores e sensoriais – responsáveis pelos chamados fenômenos paranormais.



 O contemporâneo William James, psicólogo americano, defendeu a tese de que a possessão mediúnica era uma forma de personalidade alternativa em pessoas que não tinham problemas mentais: uma espécie de dupla personalidade. Ele não descartou que um espírito desencadeasse essa segunda identidade. Já o professor de cultura clássica Frederic Myers dedicou-se a estudar o inconsciente. Ele defendeu que existia na mente uma consciência subliminar, que raramente emergia – quando isso acontecia, o resultado era a manifestação mediúnica.
Até mesmo Sigmund Freud  deu palpites sobre a mediunidade. Para ele, os estados de possessão correspondiam às nossas neuroses: os demônios seriam os desejos considerados maus que foram reprimidos. “Aos nossos olhos, os demônios são desejos maus e repreensíveis, derivados de impulsos instintivos que foram repudiados e reprimidos”, afirmou ele no livro Uma Neurose Demoníaca do Século 17, de 1923.


A neurologia também tentou cercar o mistério. O inglês John Hughlings Jackson sugeriu que as crises não passavam de uma descarga ocasional, excessiva e inadequada do tecido nervoso sobre os músculos, assim como a epilepsia. Na década de 1950, os médicos Wilder Penfield e Theo­dore Brown Rasmussen, do Instituto Neurológico de Montreal, no Canadá, fizeram cirurgias em pacientes com epilepsia acordados. Graças a elas, o mundo descobriu muito sobre o cérebro. Quando os médicos estimulavam uma área do cérebro, o paciente mexia a mão; em outra, o pé. Ao estimularem áreas relacionadas à gustação, o paciente sentia um gosto na boca. Também ouvia sons sem sentido, via bolas e estrelas. “Foi assim que mapearam o cérebro humano”, afirma Elza Yacubian, neurologista especializada em epilepsia da Universidade Federal de São Paulo.


A busca por explicações para os fenômenos tidos como paranormais rendeu também descobertas de instrumentos da neurologia usados até hoje, como o ele­­­troencefa­lograma, que registra a atividade elétrica do cérebro por meio de eletrodos colocados na cabeça do paciente. O a­pa­relho foi criado pelo psiquiatra alemão Hans Berger, fascinado pelos poderes da mente desde a década de 1890, quando foi soldado do Exército alemão. Durante um exercício militar, Berger sofreu um acidente de cavalo. Logo depois, seu pai, sem saber o que havia acontecido, enviou-lhe um telegrama para saber como o filho estava – a irmã de Berger tinha dito ao pai que sabia que ele havia sofrido um acidente. O psiquiatra ficou fascinado pela adivinhação da irmã: passou a acreditar em paranormalidade e decidiu estudá-la.
“Ao criar o eletroencefalograma, em 1929, ele esperava que o aparelho desse respostas a experiên­cias que julgava fora do comum”, diz Elza. “Uma de suas maiores decepções foi constatar que o eletroencefalograma é normal em pacientes que têm problemas psiquiátricos e nas pessoas que relatam experiências sobrenaturais.”


O que diz a ciência

Depois da criação do eletroencefalograma, apareceram a ressonância magnética, a tomografia computadorizada e a ressonância funcional. Com elas, já se conseguiu mapear no cérebro até as á-reas que despertam as emoções e controlam funções específicas do corpo, como enxergar em profundidade ou reconhecer faces. Mas esses equipamentos não são suficientes para detectar a química envolvida na troca de impulsos elétricos e as alterações celulares de quem afirma ver espíritos. Para os cientistas, é por causa dessa falta de recursos mais precisos que os exames feitos pelo engenheiro Maurício não apontam anormalidades. “Quando o bebê está sendo formado, bilhões de células embrionárias migram para formar 6 camadas do córtex”, afirma a neurologista Elza. “Nem a melhor ressonância magnética consegue detectar falhas nesse nível.”


Mesmo assim, no mundo das hipóteses médicas, os relatos de retorno dos mortos à Terra não passam de ficção criada pela máquina chamada cérebro. Desde os primeiros estudos, a epilepsia virou explicação para manifestações de mediunidade, idéia que é seguida até hoje. Ataques epilépticos são o ponto máximo da hiperexcitabilidade do cérebro, que responde mandando ao corpo reflexos não só motores. Epilépticos sofrem também reações olfativas – como sentir cheiros estranhos repentinamente – visuais e sonoras, como ter alucinações. Isso mesmo, alucinações, muito parecidas com as de quem afirma ver espíritos. “Uma excitabilidade diferente poderia ser a explicação para fenômenos não patológicos de visões e audições”, afirma Elza Yacubian. Há tipos de epilepsia que são muito relacionados a relatos sobrenaturais. A epilepsia do lobo temporal do cérebro, por exemplo, provoca alucinações e induz à religiosidade. Essa parte do cérebro é tida como a responsável pela religiosidade: pessoas com lesões nela costumam desenvolver uma religiosidade extrema. Acredita-se, por exemplo, que o fanatismo religioso do pintor Vincent Van Gogh tenha vindo da epilepsia no lobo temporal.



Para o InterPsi, um grupo de pesquisadores da PUC-SP que se dedica a encontrar explicações lógicas e científicas para fenômenos sobrenaturais, a epilepsia é só uma das possíveis soluções do mistério. Além dela, outros estados alterados da mente se relacionam a alucinações. “Freqüências sonoras, campos magnéticos e estados de transe podem provocar efeitos sensoriais”, afirma o psicólogo Welling­­­­ton Zangari, pesquisador do Laboratório de Psicologia Social da Religião na USP e membro do InterPsi.


Zangari cita o caso que aconteceu num escritório de engenharia da Inglaterra na década de 1980. Vários funcionários afirmavam ver fantasmas em uma das salas, que em pouco tempo ficou conhecida como mal-assombrada. Foi um engenheiro do próprio escritório, chamado Vic Tandy, que desfez o mito: as aparições eram, na verdade, uma reação do globo ocular, que vibrava influenciado pela freqüência de infra-som de um ventilador, borrando a visão de quem entrava ali.

Sabe-se, também, que alucinações são comuns em pessoas com estados graves de fome ou em quem fica 3 dias sem dormir. “Nessas situações, os neurônios funcionam de forma anormal, criando uma realidade paralela”, afirma a neurologista Kátia Lin, da Unifesp. “Não significa que a pessoa esteja louca ou doente.”
Se o cérebro é a chave para as alucinações, os cientistas se dedicam agora a saber quais circuitos movem essa engrenagem. Em setembro passado, o médico Olaf Blanke, da Escola Politécnica de Lausanne, na Suíça, criou em laboratório aquela sensação desagradável de ter uma presença parada às costas. A cobaia foi uma mulher de 22 anos, com epilepsia, que se submetia a uma cirurgia para retirar a lesão que provocava as crises.
A equipe de Blanke aplicou estímulos elétricos em pontos do lado esquerdo do cérebro. A reação foi sinistra: a mulher sentiu que alguém estava atrás dela. Empolgados, os médicos estimularam ainda mais a área e a paciente foi capaz de descrever o ser invisível como uma pessoa jovem. Os pesquisadores, então, pediram que ela tentasse abraçar os joelhos. Ao se abaixar, a mulher podia jurar que a presença que sentia tinha segurado seus braços.
A área estimulada está relacionada à noção corporal – sem ela fica impossível, por exemplo, mexer os braços na hora de trocar de roupa, por mais que o braço esteja perfeito. Para o médico Olaf Blanke, estímulos nesse ponto podem explicar não só a presença fantasma, como também os relatos sobre viagens feitas fora do corpo. A tese é reforçada por uma experiência similar realizada em 2002. Ao tentar identificar a área de lesão de uma inglesa de 43 anos, com epilepsia havia 11, Blanke estimulou o giro angular, uma área que fica na parte posterior do lobo temporal, e se surpreendeu com o resultado: a mulher sentiu como se tivesse saído do corpo e levitado 2 metros acima da mesa de cirurgia. “O giro angular é importante para processos cerebrais associados à experiência extracorpórea”, afirmou Blan­­­­ke na revista Nature.


Tentar reproduzir fenômenos espirituais em laboratório não é novidade. Desde a década de 1980, o neurologista canadense Michael Persinger faz testes com ondas eletromagnéticas em pessoas normais. A experiência consiste em colocar capacetes, que geram uma espécie de campo magnético, em voluntários vendados, dentro de uma sala escura e com isolamento acústico. À medida que o pesquisador estimula o lobo temporal, os voluntários têm sensações de fazer inveja a qualquer usuário de alucinógenos: olhos que se mexem e viram luzes roxas, visões de incêndios, demônios, des­locamento do corpo e cenas da infância como se acontecessem no presente.



Ou seja: para a neurologia, ver espíritos é resultado de uma disfunção cerebral ainda não diagnosticada. Os sintomas são parecidos com os de doenças como epilepsia, esquizofrenia (que provoca alucinações auditivas e delírios de perseguição), tumores cerebrais (que podem causar alucinações) e transtorno de identidade dis­sociativa, quando o doen­te tem dupla identidade, ouve vozes e muda sua caligrafia. Mas a causa seria bem diferente da dessas doen­ças e estaria relacionada a erros de sinapse do cérebro. “Se há áreas do cérebro capazes de fazer contatos por telepatia, a ciência simplesmente não tem como refutar ou comprovar”, diz a neurologista Kátia Lin. Talvez nem mesmo o cérebro abrigue todas as explicações. “Há uma tendência hoje de reduzir tudo a causas cerebrais”, diz o psicólogo Wellington Zan­gari, do InterPsi. “Mas não dá para entender tudo sem um olhar antropológico, cultural e psicológico.”


Mais longe ainda está a explicação para fenômenos como previsões do futuro, o meio como os médiuns costumam saber da morte de parentes. Como alguém pode ser capaz de atravessar o tempo? Será só uma coincidência? 
Também há o problema dos relatos de luzes que acendem sozinhas à noite, gavetas, portas que aparecem inexplicavelmente abertas. Enquanto uma explicação definitiva não aparece, quem acredita ver espíritos prefere tentar levar a vida normalmente, como a advogada Margareth Pummer. “O assunto é tão sério que não faço propaganda. Evito conversar sobre isso e assim vou vivendo”, diz.
"Foi feliz o cara que fez O Sexto Sentido.
Eu tinha experiências similares às do filme. Aos 27 anos, aconteceu um episódio horroroso. Estava em Ubatuba e tive uma visão: Gente ensangüentada, faltando um pedaço da cabeça, aquele branco cadavérico. me acostumei a acordar gritando, sentindo que alguém me cutucava. o ponto culminante foi Antes de eu casar. procurava apartamento na vila mascote, em são paulo, e nada dava certo. Uma noite veio aquele monte de visões insuportáveis no meu quarto e alguém falou: ‘Você não vai conseguir morar nesse bairro, porque ele foi uma fazenda, houve disputas em família e mataram gente ali’. fiquei assustado e decidi morar em outro lugar. Há 5 anos, uma prima distante teve um AVC. Uma noite, veio um ser e falou: ‘A Vera já foi. Em dois dias ela sai do físico’. Nunca tinha tido nada tão claro. Contei para minha mãe e Dois dias depois a mulher morreu. Chega a um ponto tão horroroso que, se alguém vai para o hospital, já sei se sai ou não. Aliás, hospital é um dos lugares a que não posso ir. Cemitério, de jeito nenhum – sempre que vou, volto acompanhado"


Maurício Casagrande, de 31 anos, administrador e engenheiro eletricista especializado na área de telecomunicações.Já psicografou duas vezes. Ateu.
"Aos 15 anos, comecei a acordar à noite e ver espíritos rodeando a minha cama. Eram figuras grotescas, machucadas, que faziam ameaças. Eu chorava muito. Por causa das crises, perdi o ano na escola e passei a tomar calmantes. Achavam que eu estava doida, mas eu tinha certeza do que via. Graças a um médico espíritA, não fui parar num hospital psiquiátrico. Comecei a entender que O QUE CHAMAMOS DE SOBRENATURAL não era incomum NEM ASSUSTADOR. Hoje, Reservo uma ou duas horas por semana para psicografar um livro. Vou ao computador, O ESPírito senta ao meu lado e começa a ditar."



Regina Braga, de 52 anos, secretária-executiva. Católica, começou a seguir o espiritismo aos 17 anos.
"Começou depois que voltei do Japão, em 2001. Um dia, a TV ligou de madrugada, Passando a nota de falecimento do Mário Covas. Por 3 meses, acordei naquela hora. depois, comecei a ver sombras embaixo da porta e roupas flutuando. pensei que tinha um problema psiquiátrico. Essa descrença é o pior: seus olhos presenciam algo e sua mente não quer aceitar. Outra vez, no trabalho, a tia de minha assistente ligou para saber se sua irmã, no hospital, passava bem. Eu atendi e ela me disse seu nome: Carmela. Quando contei para minha assistente, ela começou a chorar: sua tia carmela tinha morrido havia 4 anos. como foi que eu adivinhei o nome da tia dela?"


Emerson Ogata, 31 anos, cabeleireiro, procurou ajuda na doutrina espírita.
"No início, eu tinha medo. durante os pesadelos, me esforçava para acordar e gritar. quando Meu marido acordava, tudo sumia. Um dia lembrei de uma prece. Saí do corpo e fui conversar com os espíritos. Virou um exercício comum. Às vezes, vem uns que querem me assustar, mostram a língua, xingam. Nesse momento, eu falo: ‘fora daqui’. Mas muitas vezes eles vêm para conversar. Já aconteceu de funcionários entrarem na minha sala quando eu respondia em voz alta. É como se fossem grandes amigos. Em 2005, meu filho mais velho foi seqüestrado. Ficou 53 dias em cativeiro e a melhor coisa que aconteceu foi ter contato com espíritos. A primeira coisa que ouvi foi ‘Tenha fé, seu filho vai voltar’. Todos os dias eu tinha esse estímulo. Depois do 35o dia, as pessoas me ligavam para dizer que ele estava morto. Nessas horas, eu ouvia: ‘Seu filho está vivo, fique calma’. as vozes estavam certas. Não tem dinheiro que pague esse apoio."



Margareth Pummer, 48 anos, advogada e gerente de departamento de qualidade e meio ambiente. Segue a doutrina espírita há 17 anos e hoje é médium.
É por causa de perguntas sem respostas satisfatórias que doutrinas como o espiritismo fazem adeptos. Por dia, passam pela sede da Federação Espírita de São Paulo cerca de 9 mil pessoas. O entra-e-sai não é só de quem vê assombração – aliás, essa é uma minoria. Muitos chegam lá à procura da cura para uma doença ou desejam se comunicar com mortos. Para o espiritismo, não há dúvida: espíritos existem e vivem em simbiose com pessoas de carne e osso, algumas vezes dando uma forcinha e em outras tocando o terror.
Segundo a religião, existem vários mundos em diferentes estágios de evolução. 

Espíritos de luz, mais evoluídos, dificilmente são vistos vagando por aí – em geral, só os médiuns conseguem senti-los. Nós, pobres mortais, estamos mais sujeitos a topar com um brincalhão – daqueles que gostam de assustar, fazer caretas e atrapalhar o bom andamento da vida.  
“Podemos ver esses espíritos zombeteiros principalmente em situações de desequilíbrio. Se aceitarmos vibratoriamente a sua condição, e isso acontece quando não estamos desprendidos do egoísmo, do orgulho, das vaidades e do apego material, eles poderão nos acessar”, diz Silvia Cristina Puglia, presidente da Federação Espírita de São Paulo. O que vemos, explica ela, não é o espírito em si, mas seu perispírito – um meio-termo entre o corpo e a alma. “Temos mais condição de ver espíritos atrasados, que parecem carnais.” Para a doutrina, a comunicação só acontece por causa de uma troca do que Allan Kardec, o pai do espiritismo, chamou de “fluido”.


O protestante francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), que mais tarde viria a adotar o nome “Allan Kardec”, teve o primeiro “contato espiritual” aos 50 anos. Na época, as festas francesas eram animadas pelos fenômenos das mesas girantes – as mesas giravam, pulavam e responderiam a perguntas dando pancadas no chão. Dessas e de outras observações, Rivail chegou à conclusão da existência de um plano espiritual e reuniu suas idéias em O Livro dos Espíritos (1857).
“Os espíritos revelaram a Kardec que a natureza material é uma coisa fluida, que tem o mesmo princípio da matéria densa, mas é mais sutil”, afirma o físico espírita Alexandre Fontes da Fonseca, da USP. “Há hipóteses tratando os fluidos como ondas eletromagnéticas.”
Os fluidos seriam a base da explicação para a materialização das assombrações e fenômenos como as portas que abrem sozinhas, os copos que mexem e os ruídos inexplicáveis.



Epilepsia: Da Antiguidade ao Segundo Milênio
Elza Yacubian, Lemos Editorial, 2000.
www.pesquisapsi.com
Site do grupo de pesquisa InterPsi, da PUC-SP.
www.hcnet.usp.br/ipq/revista
Revista de Psiquiatria Clínica.

Fonte: www.superinteressante.com.br


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