domingo, 9 de julho de 2017



Saiba por que os psicopatas são incapazes de amar seus próprios filhos


Os traços de personalidade da tríade obscura (DTP, na sigla em inglês) são o narcisismo, o maquiavelismo e a psicopatia. Estes traços se manifestam nas pessoas como um amor-próprio excessivo, uma atitude manipulativa, e uma falta de empatia.
Não se sabe ao certo quantas pessoas têm estes traços, mas diversos estudos estimaram que isso varia entre 1% e 10% da população.
Estes indivíduos têm uma obsessão por si mesmos, e muita dificuldade para entender os sentimentos dos outros. Por este motivo, seus relacionamentos costumam ser abusivos e controladores. Os parceiros românticos são manipulados, usados, e levados a acreditar que são loucos, antes de serem abruptamente desvalorizados e descartados.
Uma pergunta comum, que costuma surgir, é se os filhos de uma pessoa com DTP seriam tratados de forma diferente da experimentada pelos seus parceiros românticos.

Os narcisistas são “incapazes de amar alguém de verdade”

De acordo com Perpetua Neo, uma psicóloga e terapeuta especializada em DTP, a resposta é “não”.
“Os narcisistas, psicopatas e sociopatas não têm um senso de empatia e não irão desenvolvê-lo, portanto, são incapazes de amar alguém de verdade,” disse ela ao Business Insider.
Isso não muda quando eles têm filhos. Não há um instinto primitivo para proteger e encorajar seus filhos, porque eles não são vistos como entidades separadas, e sim como ferramentas que estão à sua disposição.
“Estas pessoas tendem a ver as crianças como uma extensão de si mesmas e uma posse,” disse Neo. “Então, em vez de dizer ‘Vou cuidar de você para que você possa crescer e ser a pessoa incrível que está destinado a ser’, eles dizem ‘Você deve crescer e fazer isso para que seja o meu troféu.’”
Isso é muito diferente do ambiente em que uma criança de uma família saudável cresceria. Em vez de ser estimulada e ensinada a aprender como funciona o mundo, os filhos de pais com DTP crescem sem conhecer seu próprio senso de identidade.
“Eu posso monitorar o seu telefone, posso fazer o que quiser, posso entrar no seu quarto sem avisar, não preciso respeitar o seu senso de propriedade,” é o que Neo afirma que personalidades com DTP acreditam. “Também não há limites emocionais. Por isso, a criança cresce sem saber bem o que são limites”.
Espera-se que a criança preencha diversos tipos de funções que não deveria ter que preencher. Por exemplo, os narcisistas tendem a ser pessoas muito infelizes, com baixa autoestima e, portanto, descarregam uma bagagem emocional desnecessária sobre seus filhos. Eles são usados como um ouvido para escutar os problemas dos pais, e funcionam como uma fonte de conforto emocional.
Isso continua ao longo dos anos, e Neo diz que alguns de seus pacientes já lhe contaram que seus pais disseram: “A única razão pela qual eu tive você foi para que pudesse cuidar de mim pelo resto da sua vida”.
“Você não pode ter filhos, e também não pode se casar,” ela acrescentou. “O pai ou mãe se mete em todos estes relacionamentos, vindo por todos os lados e criando vários tipos de drama, para que o filho continue solteiro”.

“Espera-se que a criança seja um saco de pancadas”

Ao longo da sua vida, também se espera que a criança seja um saco de pancadas, tanto física quanto emocionalmente. Isso fica mais difícil, à medida que o filho cresce, pois ele se torna mais forte e mais consciente, por isso o pai irá combater este “problema” trabalhando para prejudicar a sua autoestima.
“Conforme os pais ficam mais velhos e a sua saúde começa a decair, sua autoestima fica muito abalada,” disse Neo. “Então a criança cresce, se torna forte, poderosa, tem mais consciência de si mesma, e é difícil para o pai assistir a esta mudança. Então surge uma competição nada saudável, tratando mal os filhos, chamando-os de gordos, inúteis, feios”.
Ao mesmo tempo, sempre que a criança consegue alcançar algum objetivo, os pais querem receber o crédito. Por exemplo, eles podem dizer que seu filho é um ótimo trompetista, e que a única razão para que isso tenha acontecido é por que eles se esforçaram e economizaram para pagar as aulas durante anos, mesmo que não seja verdade”.
“Qualquer coisa, por menor que seja, sempre volta para eles,” disse Neo. “Então, a criança é criada pensando: ‘Eu não tenho identidade, minha opinião não vale nada, eu não sou importante”.

A “criança de ouro” vs. o bode expiatório

As dinâmicas mudam dependendo de quantos filhos a pessoa com DTP tem.
Às vezes estes indivíduos podem ter mais de um filho, e Neo explica que é notável como a mesma dinâmica de poder é observada nestas famílias. Na maioria dos casos, um filho se torna a “criança de ouro”, aquela que nunca faz nada errado.
“A criança pode viver no medo, porque tudo que ela quer fazer é agradar à mãe ou ao pai para que não surjam problemas, para que ela seja amada,” disse Neo. “Então eles recebem esta recompensa e é quase uma transação”.
A segunda criança é usada como um bode expiatório, sendo culpada por tudo. O adulto gosta de colocar os filhos um contra o outro, criando uma competição desnecessária.
Se há uma terceira criança, Neo diz que ela se torna o “menino perdido” ou a “menina perdida”, sendo negligenciada e quase completamente ignorada.
Se você observar as famílias e identificar os traços de pais narcisistas, geralmente é isso que acontece,” Neo diz. “Essencialmente, tudo é desenhado para que a autoestima do filho seja baixa, assim ele sempre permanecerá pequeno e continuará sendo uma posse. Há um comportamento ditatorial em relação ao que a criança pode ou não fazer, porque tudo está associado ao senso de identidade dos pais”.

Monstros criam monstros?

Um medo que os filhos de indivíduos com DTP têm é que possam crescer e se transformar em suas mães ou pais. No entanto, de acordo com o blog NarcissisticMother.com, escrito pela psicoterapeuta Michelle Piper, isso só acontece na minoria dos casos.
Piper afirma que os pais narcisistas detestam a ideia de que seus filhos estejam crescendo, e querem impedi-los de fazer isso, enquanto for possível, para “continuar acariciando seus egos sedentos e frágeis”.
“Quando você, um adulto, filho de pais narcisistas, cresce, você pode sentir que algo está errado mas não consegue identificar exatamente o que é,” escreveu ela. “Você pode sempre ter associado o amor e o apreço ao fato de cumprir as demandas dos seus pais, e por isso acaba assumindo que é assim que tudo funciona”.
Uma maneira menos comum pela qual os filhos de pais com DTP reagem, é se auto protegendo, tornando-se menos sensíveis, mais fechados e extremamente independentes.
“Você faria tudo que precisasse fazer para manipular os outros e tratá-los como se fossem os pais que queriam que você alcançasse todas as suas expectativas,” escreveu Piper. “Esta é uma espécie de ataque passivo-agressivo direcionado aos seus pais, através de outras pessoas, e você acaba fazendo com os demais o que gostaria de ter feito com seus pais narcisistas”.
Apesar disso, o mais comum é a “resposta de conformidade”, onde você se acostuma a colocar as suas necessidades de lado e quer fazer o possível e o impossível para agradar a todos que conhece.
“Filhos de narcisistas tendem ter compulsão por servir os outros,” Neo explica. “É aí que eles se tornam completamente empáticos, generosos ao extremo, e são usados por mais narcisistas e pessoas com traços da tríade obscura presentes em suas vidas”.
O que vai acontecer com você depende de qual filho você era no sistema familiar. Embora a criança de ouro possa ter evitado a maior parte do abuso durante a infância, ela pode acabar tendo um destino pior do que o reservado ao bode expiatório.
“A criança acredita que se fizer o que a mamãe ou o papai quer, tudo vai ficar bem e ela vai ser amada,” diz Neo. “No momento em que você não faz algo, acaba sendo duramente desvalorizado, repreendido e insultado. Assim, você aprende que suas visões e seus sonhos não são importantes”.
O bode expiatório nunca “chega aos pés” do filho de ouro na infância, mas costuma se dar melhor na vida do que a criança que é, essencialmente, o fantoche dos pais. Eles crescem, se aventuram pelo mundo, e acabam descobrindo a liberdade. Por terem sentimentos negativos mais óbvios associados a seus pais, eles têm uma maior facilidade para se libertar e criar uma vida completamente nova e saudável.
Lindsay Dodgson

terça-feira, 27 de junho de 2017




Jornalista retrata albinos que vivem isolados por medo de feitiçaria

Você já imaginou como é viver com albinismo? Enquanto algumas pessoas conseguem achar uma brecha contra o preconceito e se firmar dentro de seus ramos – como o caso da modelo Thando Hopa –, a maioria sofre estigmas sociais muito além das limitações físicas que sua condição lhe impõe.
Os riscos de cegueira e câncer de pele são muito mais elevados entre os albinos, que têm um defeito genético que afeta a produção de melanina. Felizmente, apenas 0,005% da população mundial nasce com esse distúrbio.
Na Tanzânia, porém, os albinos correm um risco ainda maior: a perseguição. E se engana quem pensa que é por causa do preconceito ou coisa parecida. O buraco é bem mais embaixo. Nesse país africano, há a crença popular de que os ossos dos albinos podem ser usados em feitiços para trazer fortuna e boa saúde.

Criança de 12 é fotografada por jornalista norte-americana em aldeia onde vive isolada por conta de sua condição

A fotojornalista norte-americana Jacquelyn Martin tomou conhecimento dessa realidade em 2011 e publicou um ensaio com albinos da Tanzânia na revista Smithsonian. Ela visitou uma aldeia em que essas pessoas podem viver em paz, longe de supostos curandeiros que chegam a mutilar mãos e braços dos albinos para “roubar” os ossos e fazer os seus feitiços.
“Sob pressão internacional, o governo da Tanzânia proibiu os feiticeiros no início de 2015”, explicou Jacquelyn. Porém, os crimes de mutilação continuam acontecendo. A jornalista relata a história de um menino de seis anos que teve a mão decepada em março deste ano, mesmo após a proibição da prática.

Fotógrafa Jacquelyn aparece abraçada a duas mulheres albinas na Tanzânia
“Existem várias ONGs internacionais que trabalham para aumentar a conscientização do que é o albinismo e por que esses ataques devem acabar”, conta a jornalista. Jacquelyn também falou que o caso não é isolado: ataques contra albinos já foram relatados em 24 países, como Quênia, Burundi e Malawi. Em todos eles, algo em comum: a busca pelos ossos dessas pessoas.
Entretanto, o elevado número de albinos na Tanzânia e a crença popular na magia negra elevam a preocupação de ativistas no país. Ainda não se sabe, porém, por que há uma alta taxa de albinismo por lá – tanto que se acredita que esse seja o berço dessa mutação genética. É possível que isso também seja resultado do isolamento que os albinos enfrentam na Tanzânia, que gera casamentos entre pessoas que já possuem essa característica, perpetuando ainda mais a mutação.

segunda-feira, 26 de junho de 2017



Nada Como Perdoar E Esquecer: Perdoar A Pessoa E Esquecer Que Ela Existe



Mesmo que consigamos perdoar, fato é que, muitas vezes, não teremos mais como continuar mantendo certas pessoas em nossas vidas, porque elas mesmas se encarregarão de nos afastar cada vez mais, com sua relutância em mudar.
Ninguém tem convicção certeira sobre o limite do perdão, porque nunca poderemos saber o que se passa realmente no coração do outro, ou seja, é impossível deduzir se quem recebe o perdão percebe tudo o que ali está envolvido. Isso porque muitas pessoas são perdoadas e, mesmo assim, não movem uma palha para mudar aquilo que machuca o outro. Tem gente que não sabe ser perdoada.
Ultimamente, somos constantemente aconselhados acerca da necessidade de perdoarmos as pessoas, para que limpemos as tralhas que os outros deixam em nossos caminhos. Sim, perdoar realmente faz bem, pois é assim que conseguimos nos livrar de muita carga que atrapalha o nosso respirar e é assim que a gente prossegue. Mesmo assim, teremos que nos conscientizar de que muitos não sabem receber o perdão de ninguém.
Muitas pessoas não conseguem compreender que ser perdoado requer querer sê-lo. E quem quer receber perdão deve estar disposto a refletir sobre si mesmo, mudando os comportamentos que machucam os outros, forçando-se a tomar atitudes outras, porque é assim que a gente demonstra estar grato pelo perdão recebido. De que adianta, afinal, que nos perdoem, caso isso não nos leve a reflexão alguma sobre a forma como estamos vivendo as nossas vidas?
Se não precisássemos mudar, não teríamos que estar necessitando de que alguém nos perdoe por algo que fizemos ou deixamos de fazer. Aliás, existirão aqueles que nem mesmo conseguirão aceitar que precisam ser perdoados, pois, em seu mundinho, nunca fizeram nada de errado, nunca machucaram ninguém – imagina, tudo intriga da oposição, tudo melindres de gente mimada. Trata-se de gente que não muda, nunca, por nada nem por ninguém. Gente de quem afastar-se é questão de sobrevivência.
Mesmo que consigamos perdoar, fato é que, muitas vezes, não teremos mais como continuar mantendo certas pessoas em nossas vidas, porque elas mesmas se encarregarão de nos afastar cada vez mais, com sua relutância em mudar, presas que se encontrarão em meio ao próprio ego. O importante é que estaremos livres e distantes de quem só machuca, para que possamos repousar nossas almas junto a quem erra, mas tem a capacidade de dizer “desculpa”, do fundo de seu coração.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

A Última Casa Da Rua - FILME DE TERROR COMPLETO DUBLADO




Ano:2012

Tema: Terror

Sinopse: A adolescente Elissa (Jennifer Lawrence) e sua mãe divorciada Sarah (Elisabeth Shue) mudam para um bairro prestigiado para começarem uma nova vida. Porém, os sonhos que elas tinham de um futuro melhor se transformam num pesadelo cruel, ao descobrirem que uma floresta próxima é assombrada por um assassino, e Elissa faz amizade com Ryan (Max Thieriot), o misterioso sobrevivente de um duplo assassinato, ocorrido na casa ao lado.



TV fora da TV



Público consome cada vez mais entretenimento digital em dispositivos móveis e sob demanda. Qual é o futuro da TV tradicional?

Se antes a televisão era a estrela da maioria dos lares brasileiros, hoje ela pode passar várias horas desligada. Se algumas décadas atrás ela era o centro da sala de estar e reunia toda a família à sua volta, hoje disputa espaço com celulares, tablets e computadores. Não é raro ver, em uma residência, cada pessoa entretida com um dispositivo diferente, cada uma assistindo a um conteúdo distinto.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casas com acesso à internet por tablet, celular e televisão cresceu 137,7%, de 3,6 milhões em 2013 para 8,6 milhões em 2014. Mas a televisão tradicional não está morta. O aparelho continua sendo a fonte mais importante de entretenimento nos lares, com uma taxa de penetração de quase 100%. No entanto, as emissoras precisam se reinventar para sobreviver.
Elas já demonstraram ser capazes disso quando a TV paga surgiu – no Brasil, isso aconteceu no início de década de 1990. Na época, aficionados por filmes e séries comemoraram. Afinal, era um serviço de transmissão de programas 24 horas por dia, sem intervalos comerciais. Vinte e poucos anos depois, muita coisa mudou. Hoje em dia, são comuns reclamações sobre os valores dos pacotes, o excesso de propaganda e a repetição dos programas.
Conteúdos de serviços como o YouTube e a Netflix atraem cada vez mais interessados
Segundo um levantamento da empresa de pesquisas MeSeems, feito em março com 1.000 pessoas de todo o Brasil, 55% dos assinantes de TV paga consideram o valor do serviço muito caro pelo conteúdo oferecido e 26% pretendem cancelá-lo nos próximos seis meses. Outros 33% estão na dúvida entre cortar o serviço ou não. Entre os que pretendem cancelar, 45% pensam em assinar a Netflix, o serviço de transmissão de filmes e séries por streaming mais popular do mundo.
Enquanto isso, as operadoras de TV por assinatura procuram abocanhar mais fatias desse mercado. Recentemente, empresas como Vivo e NET, que são provedoras tanto de internet fixa quanto de TV, anunciaram que pretendem passar, em um futuro próximo, a estabelecer um limite na quantidade de dados dos planos de internet, como as operadoras de celular fazem com internet móvel. Quem passasse dos limites deveria comprar mais pacotes de dados ou teria a velocidade do serviço reduzida.
Esse modelo praticamente inviabilizaria que os consumidores passassem horas e horas vendo filmes pela internet. “Vídeo consome muita banda de internet. Essa seria uma maneira de as empresas ganharem em cima desse conteúdo”, afirma Drica Guzzi, doutora em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenadora na Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP).
Peter Sellers como o jardineiro Chance do filme Muito Além do Jardim, cujos conhecimentos foram adquiridos a partir de programas de TV
Em abril, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Resende, declarou concordar com o ponto de vista das operadoras e disse que a era da internet ilimitada no Brasil havia acabado. Esse posicionamento gerou uma pronta reação de órgãos de defesa do consumidor e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), baseados em um artigo no Código de Defesa do Consumidor segundo o qual não se permite “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço, sem justa causa, a limites quantitativos”.
No dia 18 de abril, uma medida cautelar da Anatel impediu temporariamente as operadoras de diminuir a velocidade ou suspender a prestação do serviço de banda larga após o fim da franquia prevista. A decisão valeria até essas empresas colocarem à disposição dos consumidores ferramentas que lhes possibilitem, por exemplo, acompanhar o uso de dados de seus pacotes – o que poderá acontecer dentro de alguns meses. Como nada está definido, o assunto ainda vai dar muito pano para manga.

Menos TV, mais tablet

No mundo todo, pesquisas mostram que o público passa cada vez menos horas vendo TV. De acordo com um levantamento feito em 2015 pela empresa de consultoria Accenture em dez países, a televisão caiu 13% na preferência entre os dispositivos escolhidos para acessar conteúdo digital. No caso da faixa etária entre 14 e 17 anos, essa queda foi ainda maior: 33%.
Mas a debandada não acontece apenas entre os mais novos. A costureira aposentada Marlene Ragazzi, de São Paulo, está antenada com as novas tecnologias. Aos 78 anos, a voraz consumidora de novelas mexicanas tem deixado a TV desligada por cada vez mais tempo e assiste aos seus folhetins pelo tablet, usando a Netflix ou o YouTube. “Antes, se eu saía, perdia os capítulos. Me privava de ir aos lugares”, diz. “Agora tenho mais liberdade, assisto só ao que eu gosto”, afirma.
O conteúdo personalizado permite que os usuários assistam ao que desejam no momento que querem, usando a plataforma preferida, de celulares a computadores
Marlene usa dois tablets, um da filha e outro da neta, com quem vive, para ver seus programas favoritos. Ela se reveza entre os dois aparelhos para manter um deles sempre carregado e nunca ficar na mão. Além das novelas, gosta de ver entrevistas com atores mexicanos. “Às vezes eu levo o tablet quando saio. Quando a internet cai, fico apavorada”, diz. Há quatro aparelhos de televisão na casa da aposentada, mas ela afirma que eles ficam desligados a maior parte do tempo. As amigas dizem que Marlene está ficando bitolada, mas a noveleira nem liga. “Essa é a melhor coisa que já inventaram”.
Marlene representa uma tendência no consumo de entretenimento digital: a personalização cada vez maior dos conteúdos. “Com a diversidade de programas disponíveis hoje sob demanda, dá para a pessoa ir direto ao que ela gosta e em conteúdo de qualidade”, afirma Drica Guzzi.
O lado negativo de ter tantas opções de entretenimento digital é que os espectadores podem se sentir um pouco perdidos e até angustiados, com a impressão de que estão sempre perdendo alguma coisa. Mais ou menos como quando todos os seus amigos estão comentando o último capítulo de Game of Thrones e você, que não assiste a esse seriado, sente-se um peixe fora d’água. “É preciso baixar as expectativas”, observa Drica. “Concentre-se no que você está vendo, no que estimula, informa e emociona você, e não no que está perdendo”.
Outra ressalva a se fazer a respeito das novas tendências do consumo de TV atual é refletir se esse fenômeno não vai ampliar ainda mais as desigualdades de acesso à informação entre públicos de classes sociais diferentes. “Precisamos pressionar por mais investimentos do governo em infraestrutura, por políticas públicas que barateiem o acesso à banda larga e por mais concorrência no mercado”, diz Drica Guzzi.

Do meu jeito

A personalização do conteúdo, um dos aspectos mais fortes entre os consumidores modernos de entretenimento digital, vem atrelada a um desejo de controle por parte do usuário. Os consumidores querem decidir o que, quando e onde ver seus programas favoritos. Essa é uma das razões para a comerciante autônoma Juliana Rodrigues, 29 anos, acessar a Netflix em casa quase que com exclusividade.
Chamada da série House of Cards, sucesso exclusivo da Netflix
Moradora de São Paulo e mãe de dois meninos, um de 4 e outro de 6 anos, ela sente que supervisiona melhor o que os filhos veem com o serviço de streaming do que com a TV. “Vemos o que queremos, quantas vezes e onde quisermos: no quarto, na sala, em viagens, no celular, no tablet, etc.”, afirma.
A família ainda mantém um pacote básico de TV paga, mas só liga o aparelho para assistir a alguma transmissão específica, como uma final de campeonato de futebol. Juliana pensa em, no curto prazo, cancelar seu pacote e assinar apenas um serviço de melhoria de sinal, para acessar canais abertos em HD, e poder manter seu combo de internet e telefonia fixa. “As operadoras dizem que não é venda casada, mas ficamos amarrados a elas”, diz.
Mas não dá para o mundo viver apenas da customização dos conteúdos de entretenimento digital. “A TV genérica tem seu valor, pois estabelece um diálogo mínimo na sociedade”, diz o cineasta, roteirista e escritor Newton Cannito, doutor em cinema pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. Ou seja, a TV, principalmente a aberta, ajuda a aproximar pessoas que pensam de forma diferente, porque elas estão assistindo àquele mesmo conteúdo.
Cena do programa MasterChef, da Band, no qual mensagens enviadas pelos espectadores via Twitter aparecem na tela em tempo real
De acordo com Cannito, uma saída possível para as emissoras tradicionais enfrentarem a concorrência com seu conteúdo “de fluxo”, no jargão dos estudiosos da área, é investir mais em programação ao vivo, como noticiários, eventos esportivos e programas de auditório. Isso se contrapõe à programação “de arquivo”, sob demanda, que é mais própria das TVs por assinatura e de serviços de streaming.
Outro diferencial é aumentar a interatividade com o público. Alguns programas, como o MasterChef, da TV Bandeirantes, já fazem isso, ao transmitir na tela mensagens que os telespectadores enviam em tempo real pela rede social Twitter. No dia seguinte, a emissora disponibiliza o episódio na íntegra no YouTube. A Globo também tem tomado várias medidas para oferecer mais conteúdo por meio de aplicativos para tablets e smartphones.

Tudo ao mesmo tempo

Outro fenômeno recente detectado em pesquisas sobre o hábito de ver TV é o da “segunda tela”, que significa usar o smartphone, tablet ou computador enquanto se assiste a algum programa de TV, em geral para interagir com os amigos. De acordo com uma pesquisa da consultoria Arris, feita em 2014 com 10.500 consumidores em 19 países, 36% dos entrevistados usaram um segundo dispositivo para acessar informações ao vivo sobre o programa; 32% participaram de uma conversa de texto sobre o programa; e 21% participaram de uma conversa de voz usando um segundo dispositivo.
Ou seja, para conquistar a atenção dos telespectadores em meio a tantas opções de entretenimento e distrações, os produtores vão ter de elaborar atrações cada vez mais interessantes. “As emissoras precisam entender que são marcas, não apenas canais”, diz Newton Cannito. “Elas precisam ter a capacidade de fidelizar o público”, afirma. Vai ser uma briga cada vez mais acirrada.

Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio:
22 2643-6366 e em domicílio do paciente com necessidades físicas/psicológicas, especiais (cadeirante, síndrome do pânico...) 22 9 9998-4379

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Uma mente brilhante



Ano: 2002

Tema: Drama

Sinopse: John Nash (Russell Crowe) é um gênio da matemática que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio onde atuava. Mas aos poucos o belo e arrogante Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, que chega até mesmo a ser diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos que o tratam. Porém, após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.


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domingo, 4 de junho de 2017




Entrevista do Bial com Serginho Groisman





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sábado, 3 de junho de 2017

As bruxas estão soltas



Herdeiras das tradições matriarcais dos tempos em que a principal divindade era a Grande Mãe Terra, as bruxas medievais reaparecem hoje na pele de mulheres comuns.

“Chegou a nossa bruxinha!” Foi assim que a dona da casa saudou uma amiga convidada para o jantar. A anfitriã respondeu sorrindo quando perguntei por que chamara a outra daquele modo: “Ela estuda uma porção de bruxarias, tarô, astrologia, e sabe ler as linhas da mão”.
Jovem, bonita e elegante, a “bruxinha” era mesmo um encanto. Psicóloga, é casada e tem dois filhos. Quando sorriu para mim, cheia de charme, me perguntei: então são essas as bruxas de hoje? Se forem, o que fazer com a imagem estereotipada da bruxa tradicional, mulher má, velha e feia, corcunda, verruga na ponta do nariz, a voar nos céus montada em vassoura, ou diante de um caldeirão a cozinhar sapos e asas de morcegos para produzir malefícios?
Uma pergunta puxa outras. O que é, afinal, a bruxa? Por que, hoje, chamar de bruxa a mulher que se interessa por ocultismos, adivinhações e magias já não é um insulto e sim, muito mais, um elogio carinhoso? O que mudou, a natureza da bruxa ou simplesmente a visão que temos dela?
A bruxa, mulher que conhece os segredos das leis mágicas da natureza – tanto a natureza externa, do mundo, quanto a interna, humana –, existe provavelmente desde os tempos das cavernas. Seu objetivo fundamental é conquistar um poder de transformação sobre as coisas do mundo, sobre os outros e sobre si mesma. Bruxa, portanto, é mulher de poder.
No decorrer dos milênios, no Ocidente e no Oriente, essas mulheres de poder desempenharam livremente seu papel, respeitadas e admiradas pelas pessoas. Eram curandeiras, parteiras, sábias nos usos medicinais das ervas, folhas, raízes, conhecedoras dos mistérios da natureza, da vida e da morte. Eram também sacerdotisas, profetisas, médiuns que funcionavam como elemento de ligação entre os vivos e os mortos, entre os humanos e os deuses.

Ameaça ao patriarcado

Na Idade Média, o poder patriarcal identificou nessas mulheres um perigo, e reagiu. Milhares delas foram presas, julgadas e condenadas à morte na fogueira. Mas hoje, a mulher que quer ser bruxa está livre para fazê-lo. Pode, inclusive, filiar-se a megaorganizações que atuam em todo o mundo na forma de clube de bruxas ou de religiões que acabam se tornando oficiais, como é o caso da wicca.
Reunião de grupo wicca no Rio de Janeiro, em 2015: a maioria dos participantes é de mulheres
A wicca foi reconhecida como religião pelo governo dos Estados Unidos em 1986, mas seus adeptos gostam de dizer que ela é a religião mais antiga do mundo. Embora seja um sistema estreitamente ligado aos atributos do princípio feminino, nela homens e mulheres atuam em igualdade de condições. Todos interagem com a natureza em sabás, festivais que celebram os ciclos da vida e afirmam o poder sobrenatural (como o da magia).
Os wiccanos se consideram bruxos e bruxas. São muitas vezes confundidos com os satanistas, mas a verdade é que eles não acreditam no demônio. Aliás, os conceitos do diabo e do inferno fazem parte da teologia cristã e nunca existiram na wicca. Além disso, os wiccanos também não acreditam em um deus único, todo-poderoso, mas sim em vários deuses e deusas ligados sobretudo aos quatro elementos da natureza – fogo, terra, água e ar. Assim sendo, a wicca é, na prática, uma religião politeísta, entrando na mesma categoria que religiões, como o budismo e o hinduísmo.
Mas, embora se assente sobre crenças muito antigas, incluindo elementos do paganismo e espiritualidade baseada na natureza, a wicca não é uma religião antiga. Ela foi fundada pelo antropólogo Gerald Gardner no início dos anos 1950. Como religião baseada na natureza, seus seguidores são incentivados a amar e respeitar todos os seres vivos. Os wiccanos fazem oferendas para seus deuses escolhidos, sim, mas esses sacrifícios incluem quase exclusivamente pães, frutas, vinhos ou flores. “Nós, bruxos, amamos os animais e nunca prejudicaríamos ou mataríamos esses seres em nossos rituais e magias. Sacrifício de sangue de qualquer tipo é contra a nossa lei.”

Fonte: revistaplaneta.com.br


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quarta-feira, 31 de maio de 2017




Facilitadores sociais

Texto: Lucas Correal
Pesquisas reforçam a ideia de que os cães beneficiam a interação social (Foto: Monkey Business Images/iStock)

Um estudo recente indica que os cães promovem comportamentos amigáveis e prestativos e estimulam as interações sociais
A ciência tem visto com interesse cada vez maior as características que envolvem o relacionamento entre os cães e os seres humanos, e a sequência de resultados positivos observados chama a atenção de qualquer um. Estudos recentes já haviam mostrado que as pessoas acompanhadas por cães tendem a obter respostas mais prestativas de outros e que a presença desses animais no local de trabalho pode reduzir o estresse. Agora, outro aspecto se soma aos anteriores: os cães podem ser benéficos para as interações sociais em equipes. A conclusão apareceu em um estudo publicado em fevereiro na revista Anthrozoös.
Liderada pelo professor de psicologia Stephen Colarelli, uma equipe da Central Michigan University (EUA) distribuiu a pequenos grupos de pessoas algumas tarefas a serem executadas com – ou sem – um cão de companhia (aquele mais dependente do dono) na sala. No primeiro experimento, os grupos criaram um anúncio de 15 segundos e um slogan para uma campanha publicitária fictícia, um trabalho no qual se exige cooperação.
Na tarefa seguinte, eles disputaram uma versão modificada do “dilema do prisioneiro”, jogo no qual cada um deve decidir se vai cooperar com outros integrantes ou se vai agir de forma independente. Tudo isso foi filmado pelos pesquisadores. Depois disso, os participantes avaliaram sua satisfação em relação ao grupo em que estavam e quanto confiavam nos outros membros. Todo o material gravado foi analisado por avaliadores independentes, que buscaram nele sinais de cooperação, pistas verbais e físicas de vínculo ou proximidade e expressões de vulnerabilidade que indicavam confiança.

Cooperação maior

Os grupos que tinham um cão na sala sempre manifestaram mais sinais verbais e físicos de proximidade do que os demais. Eles também exibiram mais sinais de cooperação durante a primeira tarefa. Os relatos dos membros dos grupos a respeito da segunda tarefa indicam que eles sentiram mais confiança uns nos outros se um cachorro estava no local. Esses dados reforçam a ideia de que existe uma relação entre a presença de um cão no ambiente e o incremento de um comportamento amável e prestativo em grupos, observa Colarelli: “Quando as pessoas trabalham em equipe, a presença de um cão parece agir como um lubrificante social. Os cães parecem ser benéficos para as interações sociais das equipes”.
A presença de cães em determinados ambientes pode incomodar outras pessoas (Foto: Pekic/iStock)
Uma explicação para isso poderia ser o efeito positivo dos cães sobre o bem-estar dos humanos, e para verificá-la os pesquisadores prepararam vídeos editados dos grupos na primeira tarefa, com 40 segundos de duração, nos quais se retiraram o áudio e as evidências de que havia um cão na sala. A seguir, os pesquisadores solicitaram aos avaliadores independentes que observassem, nesse material, quantas vezes apareciam indicações de emoções positivas (por exemplo, entusiasmo, energia e atenção). Os avaliadores confirmaram que havia muito mais demonstrações de bons sentimentos nos grupos com cachorros do que naqueles em que esses animais estavam ausentes.

Influência saudável

Não houve evidências de que a presença de cães significasse uma melhora no desempenho dos grupos durante os experimentos, mas Colarelli considera que os benefícios sociais e emocionais observados podem ter uma influência saudável nesse sentido com o passar do tempo. “Se, numa situação em que as pessoas estão trabalhando juntas por um longo período, a qualidade de relacionamento dessa equipe – se eles falam juntos, têm relacionamento, atuam de maneira cooperativa, ajudam uns aos outros – pode influenciar o resultado da equipe, então eu suspeito que um cão teria um impacto positivo”, afirma.
Colarelli adverte que não se pode interpretar essas evidências como um passe livre para a presença de cães em locais de trabalho, por exemplo. Muitas pessoas são alérgicas aos pelos dos animais; outras simplesmente não gostam deles. Tudo isso teria de ser cuidadosamente avaliado, observa o psicólogo americano. Mas as informações prévias já reunidas nesse sentido estimulam novas pesquisas, que vão delineando cada vez mais claramente a influência positiva dos animais de estimação.

Fonte: revistaplaneta.com.br


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Cicatrizes profundas


Ato contra a cultura do estupro no Rio de Janeiro


Um estupro em meio a mais de 500 mil desses crimes, acontecidos anualmente no Brasil, escancara uma desigualdade histórica entre o feminino e o masculino. Quais são as origens dessa diferenciação e por que até hoje a mulher precisa conviver com tanta violência?

Impossível ter estado no Brasil em maio sem ouvir falar do caso da jovem de 16 anos vítima de estupro coletivo, no Rio de Janeiro. O crime violenta um pouco de cada um de nós. Seja por compaixão à menor, seja por medo de sofrer barbárie parecida, seja por ver estampada todos os dias nos noticiários uma realidade incômoda. Afinal, esse é apenas um caso extremo entre cerca de meio milhão de estupros consumados ou tentativas de estupro, que acontecem anualmente no país. Desses crimes sexuais, 88,5% são contra mulheres e somente 10% do total são reportados à polícia, segundo a pesquisa “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde”, de 2014, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Enquanto os números explicitam a situação atual, uma análise histórica e sociológica permite enxergar como chegamos a isso. “A civilização no Brasil começou em 1500, na base do estupro. Os homens que desembarcaram aqui, criminosos condenados, enviados por Portugal para esvaziar suas cadeias, não respeitavam nem a integridade da mulher, nem outras civilizações”, aponta a procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf, especialista na área criminal. Com a mudança de d. João VI para o Brasil, acompanhado pela Corte portuguesa, 300 anos depois, veio outra classe de pessoas, mas se manteve a cultura patriarcal de sempre.
Se Luiza Nagib Eluf se ateve à história do Brasil para explicar o que vem sendo chamado de “cultura do estupro”, Eugênio Bucci vai mais longe. “A figura feminina é vista como ameaça na cultura do Ocidente, desde 2.900 anos atrás, quando começa na Grécia Clássica”, comenta o professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro do Instituto de Estudos Avançados, da mesma universidade. Para ele, dois personagens da mitologia grega têm muita influência na relação homem-mulher até a atualidade: Édipo, base fundamental da psicanálise, e Tirésias, bem menos conhecido do que o outro, mas bastante emblemático.
Tirésias foi homem e mulher na mesma existência e, quando perguntado sobre quem sentia mais prazer, dúvida que inquietava o coração de todos, respondeu: “Se dividirmos o prazer em dez partes, a mulher fica com nove e o homem, com uma”.

 O receio de estar ou não usando roupas “adequadas” faz parte do medo que a visão masculina impõe às mulheres

Bucci reconhece que não pode falar como psicanalista, mas, sim, como observador e pesquisador que estuda a cultura. Ele considera que a psicanálise tem uma presença tão forte na cultura que é até difícil percebê-la, como o ar que respiramos. E, entre seus reflexos, está a intolerância em relação à mulher. Diferentemente do que Sigmund Freud disse, que a mulher teria inveja do pênis, ele acredita que é o homem que tem inveja do orgasmo da mulher. “Ele não suporta a intensidade da força vital que emana da mulher. Nada é mais assustador para o olhar masculino do que uma mulher livre”, argumenta.
Para Luiza e Bucci, uma forma de opressão da sexualidade e liberdade feminina está na religião. “Na teologia, a mãe de Jesus é virgem, neutralizada, não sentiu o prazer de conceber”, aponta o professor. “As religiões são masculinas. A maioria esmagadora delas serve para oprimir a mulher. Tudo ao contrário do que pregava Cristo, por exemplo, um homem inteligentíssimo, que pregou a não violência”, complementa a procuradora. As regras religiosas e da sociedade em geral, ambas criadas dentro de uma cultura patriarcal, reforçam as diferenças de comportamento esperadas dos gêneros feminino e masculino.
Como dizia a francesa Simone de Beauvoir, escritora, filósofa e expoente do feminismo, a mulher não nasce mulher; é adestrada a sê-lo, desde as brincadeiras de boneca e casinha. Hoje o mesmo argumento é usado para o papel masculino por movimentos de liberdade sexual e afirmação de gênero. “E eles têm razão, se pensarmos que o menino aprende a brincar de luta, entre outras coisas supostamente de menino. Por isso são tão legais todas as formas que bagunçam o gênero”, diz Bucci. Para ele, o cross dressing (pessoas que usam roupas do sexo oposto), que tem hoje o cartunista Laerte como maior representante no Brasil, é um bom exemplo disso, porque põe em xeque os modelos culturais aprendidos.

Cultura do medo

Não se trata somente da atitude masculina em relação à mulher, mas também das próprias mulheres, que não têm consciência da sua condição e de por que existe uma grande quantidade de regras que as prejudicam. Luiza lembra de formas institucionalizadas do machismo para reprimir a sexualidade feminina: a divisão feita entre mulher de família “recatada e do lar” e a “mulher da vida” ou prostituta, tratadas pelo código penal como mulher “honesta” e “decaída”, respectivamente. “A sociedade patriarcal educa a mulher para ter medo. Medo que elas não sabem nem do que é, e que as impede de se realizar como profissionais e mesmo como mulheres.”
Brincar com bonecas “adestra” a menina a ser a mulher da cultura patriarcal, segundo Simone de Beauvoir
Medo, inclusive, de ser culpada por provocar o estupro, como usar “roupas inadequadas”, estar em “lugares inadequados” ou até falar “coisas inadequadas”. “Não só no Brasil, mas no mundo, apenas 10% a 15% das mulheres que sofrem crime sexual vão buscar ajuda da polícia ou dos serviços de saúde, tamanho o constrangimento, a humilhação e a vergonha pelas ameaças sofridas”, diz o ginecologista e obstetra Jef­ferson Drezett. Ele coordena o Ambulatório de Violência Sexual e Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, serviço criado há 22 anos e referência na área, que atende 4 mil casos de estupro ao ano, atualmente.
No caso do estupro coletivo no Rio, Drezett lembra que há imagens do ocorrido com declarações dos autores sobre o que teriam feito à garota numa situação clara de inconsciência e incapacidade de consentir ou de se defender. “Mas mesmo assim se esperava o que ia dizer o resultado do exame de corpo delito, feito no Instituto Médico Legal cinco dias depois do ocorrido. Há uma limitação técnica desses exames que muitas vezes não é corretamente interpretada pelo Judiciário”, afirma.
Embora as disciplinas da medicina legal afirmem que sempre é possível verificar evidências de um abuso sexual, estudos feitos em diferentes estados do país já identificaram que, nos casos em que ocorreu penetração vaginal, essas evidências são encontradas apenas em cerca de 15% das vítimas. Para completar o cenário, os casos de estupro com penetração constituem uma minoria (15% ou menos), segundo levantamento do Ipea. “Apesar de sua importância, temos uma valorização por vezes muito desproporcional do corpo delito. A ausência de evidência no exame não deve ser interpretada como ausência de crime sexual”, analisa Drezett.
Mais um agravante para o problema no Brasil é que a impunidade é a regra, apesar de haver atualmente aparatos do Estado para proteção à mulher, como delegacias especializadas, casas-abrigo e o programa de atendimento às vítimas de violência sexual. “Combater a impunidade e aumentar a pena são duas coisas boas, pois nossa legislação aceita progressão no regime do cumprimento. Sou contra fingir que está fazendo. Porque hoje nem o aparato estatal, nem o policial, nem a Justiça funcionam direito, e somente cerca de 7% dos crimes são investigados e punidos”, revela a procuradora.

Equilíbrio de forças

Para Luiza, os grandes avanços na questão de gênero no Brasil são recentes. Vieram com a Constituição Federal de 1988, inequívoca ao dizer que homens e mulheres são iguais. Ela também equiparou todos os filhos – independentemente da natureza da filiação e sexo, todos têm o mesmo direito –, e o homem casado passou a poder reconhecer filhos concebidos fora do matrimônio. Outra mudança considerável foi o direito de aborto em caso de estupro, risco à saúde da mulher e feto anencefálico – os únicos permitidos até hoje. “Demos um passo gigantesco na proteção da criança. E também da mulher, que era sempre considerada a errada da história quando o filho não era legítimo.” Na opinião de Luiza, a Constituição é muito criticada porque representou uma guinada indesejada pelos reacionários, grande parte da sociedade.
Mesmo com os avanços observados, a igualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho só chegaria daqui a cem anos
“Para o discurso conservador, é mais cômodo protestar contra o estupro de uma mulher do que apoiar uma mulher desejante e livre”, argumenta Bucci. Pela mesma razão, é mais fácil reservar à mulher o lugar de objeto sexual do que o lugar de sujeito atuante, dona do seu desejo, do seu destino, da sua opinião. “A mulher como vítima ou como objeto é sempre passiva”, afirma.
O quadro de passividade vem mudando. Hoje há uma grande movimentação feminista mundial. Apesar disso, as projeções de igualdade de gênero no mercado de trabalho são para daqui a 100 anos, no Brasil e no mundo. Difícil esperar outra coisa, já que a mudança de mentalidade é sempre um processo lento. Que o digam as francesas: elas só conseguiram o direito de voto quase 150 anos após a Revolução Francesa, comemorada como o nascimento da democracia. “Provavelmente eu vá morrer com noções machistas das quais nem tenho consciência. E você também”, provoca Bucci.
Por último, mas não menos importante, é essencial destacar que os valores masculinos também dominam hoje a forma humana de lidar com a natureza, que é uma figura feminina, assim como a ideia de “Mãe Terra”. A consequência disso tem sido o esgotamento dos recursos naturais, como já havia alertado, no século 19, Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica. “Para vivermos num ambiente de menos opressão, é necessário uma perspectiva ecológica, de valorização do feminino”, diz Bucci. Afinal, o resgate da parte enfraquecida fortalece e re-equilibra a todos. Não é bom apenas para a mulher, é bom para a humanidade.
Fonte: revistaplaneta.com.br
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