domingo, 6 de maio de 2012

“Piriguete”


Por Terezinha Barreiro



                          Engana-se aquele que pensa que “piriguete” é apenas mais um sinônimo do comportamento, digamos, afetado e vulgar de uma mulher. A começar pelo termo “mulher” que, no caso em questão, hoje, é utilizado apenas para adolescentes numa larga faixa etária, que varia de 12 até 20 e poucos anos.

Há toda uma infraestrutura para ser considerada uma fiel adepta desse clube social e tão popular. Poderíamos começar com os famosos e indispensáveis fatores bio-psico-sociais, ou seja, a atuação do biológico, hormônios, necessidades básicas..., bem como sobre o psicológico, que traz os sentimentos, o vazio, necessidade de aparecer...e também o valor do papel na sociedade,  a exposição...mas prefiro hoje ser mais direta,  menos fleuma e mais ampla.

O que é ser “piriguete”, afinal? Não, não é a simples resposta que todos pensam e que fica traduzida num simples e rápido olhar para uma menina de vestido curtíssimo e justíssimo, com maquiagem exótica e uma malemolência que faz acender fortes chamas nos hormônios masculinos em devaneios e fantasias de fazer até o Papa babar.

Muito além disso é o significado, a mensagem que a imagem expõe, o custo-benefício de todo um esquema estudado (em muitas revistas, novelas, bailes e conversas) e, não menos importante, a beleza, ou tentativa desta, para que a performance seja notada (notada mesmo).

Ser “piriguete” é ter e não ser. É, antes de tudo, ter que apelar para artifícios, empobrecidos em geral.  É ter uma insistente necessidade de buscar algo que, de cara limpa e chinelinho, não consegue. É preparar um visual convidativo e atraente para se convencer e também convencer aos interassados que vale a pena o investimento da pegada, quando na verdade, seu valor é inestimável e infinito, dispensando totalmente as camadas de cores e brilhos.

O termo em si já denota que alguém está “a perigo”, uma gíria que virou moda traduzindo a necessidade de apelação. Apelação essa que, não precisamos de lente de aumento para perceber que “piriguetes” não são as meninas que vão ao baile ou andam pelos dias e noites, mas antes, muito antes delas nascerem, são, do verbo ser e não do verbo estar, os malandros que montam personagens e fatos, iludem aos menos informados, disfarçam erros plásticos com maquiagem vagabunda e de caso pensado, forjam pessoas e situações, numa tentativa de vender imagens tão falsas quanto a de que a natureza é que atrapalha o desenvolvimento de uma cidade. É fingir, enganar, burlar, debochar, no único intuito de ganhar de forma monetária, de ego, de fama e poder. É fazer vergonha a uma sociedade, violentando-a da forma mais grosseira e estúpida que puder.

Meninas só querem amor e paixão, os outros...uma conta bancária bem gorda, com investidores otários, impulsionados pelo canto desafinado das falsas sereias.

Afinal, quem é realmente “piriguete”?

Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.
Telefone para marcar consulta: 22 2643-6366

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