quarta-feira, 31 de maio de 2017




Facilitadores sociais

Texto: Lucas Correal
Pesquisas reforçam a ideia de que os cães beneficiam a interação social (Foto: Monkey Business Images/iStock)

Um estudo recente indica que os cães promovem comportamentos amigáveis e prestativos e estimulam as interações sociais
A ciência tem visto com interesse cada vez maior as características que envolvem o relacionamento entre os cães e os seres humanos, e a sequência de resultados positivos observados chama a atenção de qualquer um. Estudos recentes já haviam mostrado que as pessoas acompanhadas por cães tendem a obter respostas mais prestativas de outros e que a presença desses animais no local de trabalho pode reduzir o estresse. Agora, outro aspecto se soma aos anteriores: os cães podem ser benéficos para as interações sociais em equipes. A conclusão apareceu em um estudo publicado em fevereiro na revista Anthrozoös.
Liderada pelo professor de psicologia Stephen Colarelli, uma equipe da Central Michigan University (EUA) distribuiu a pequenos grupos de pessoas algumas tarefas a serem executadas com – ou sem – um cão de companhia (aquele mais dependente do dono) na sala. No primeiro experimento, os grupos criaram um anúncio de 15 segundos e um slogan para uma campanha publicitária fictícia, um trabalho no qual se exige cooperação.
Na tarefa seguinte, eles disputaram uma versão modificada do “dilema do prisioneiro”, jogo no qual cada um deve decidir se vai cooperar com outros integrantes ou se vai agir de forma independente. Tudo isso foi filmado pelos pesquisadores. Depois disso, os participantes avaliaram sua satisfação em relação ao grupo em que estavam e quanto confiavam nos outros membros. Todo o material gravado foi analisado por avaliadores independentes, que buscaram nele sinais de cooperação, pistas verbais e físicas de vínculo ou proximidade e expressões de vulnerabilidade que indicavam confiança.

Cooperação maior

Os grupos que tinham um cão na sala sempre manifestaram mais sinais verbais e físicos de proximidade do que os demais. Eles também exibiram mais sinais de cooperação durante a primeira tarefa. Os relatos dos membros dos grupos a respeito da segunda tarefa indicam que eles sentiram mais confiança uns nos outros se um cachorro estava no local. Esses dados reforçam a ideia de que existe uma relação entre a presença de um cão no ambiente e o incremento de um comportamento amável e prestativo em grupos, observa Colarelli: “Quando as pessoas trabalham em equipe, a presença de um cão parece agir como um lubrificante social. Os cães parecem ser benéficos para as interações sociais das equipes”.
A presença de cães em determinados ambientes pode incomodar outras pessoas (Foto: Pekic/iStock)
Uma explicação para isso poderia ser o efeito positivo dos cães sobre o bem-estar dos humanos, e para verificá-la os pesquisadores prepararam vídeos editados dos grupos na primeira tarefa, com 40 segundos de duração, nos quais se retiraram o áudio e as evidências de que havia um cão na sala. A seguir, os pesquisadores solicitaram aos avaliadores independentes que observassem, nesse material, quantas vezes apareciam indicações de emoções positivas (por exemplo, entusiasmo, energia e atenção). Os avaliadores confirmaram que havia muito mais demonstrações de bons sentimentos nos grupos com cachorros do que naqueles em que esses animais estavam ausentes.

Influência saudável

Não houve evidências de que a presença de cães significasse uma melhora no desempenho dos grupos durante os experimentos, mas Colarelli considera que os benefícios sociais e emocionais observados podem ter uma influência saudável nesse sentido com o passar do tempo. “Se, numa situação em que as pessoas estão trabalhando juntas por um longo período, a qualidade de relacionamento dessa equipe – se eles falam juntos, têm relacionamento, atuam de maneira cooperativa, ajudam uns aos outros – pode influenciar o resultado da equipe, então eu suspeito que um cão teria um impacto positivo”, afirma.
Colarelli adverte que não se pode interpretar essas evidências como um passe livre para a presença de cães em locais de trabalho, por exemplo. Muitas pessoas são alérgicas aos pelos dos animais; outras simplesmente não gostam deles. Tudo isso teria de ser cuidadosamente avaliado, observa o psicólogo americano. Mas as informações prévias já reunidas nesse sentido estimulam novas pesquisas, que vão delineando cada vez mais claramente a influência positiva dos animais de estimação.

Fonte: revistaplaneta.com.br


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Cicatrizes profundas


Ato contra a cultura do estupro no Rio de Janeiro


Um estupro em meio a mais de 500 mil desses crimes, acontecidos anualmente no Brasil, escancara uma desigualdade histórica entre o feminino e o masculino. Quais são as origens dessa diferenciação e por que até hoje a mulher precisa conviver com tanta violência?

Impossível ter estado no Brasil em maio sem ouvir falar do caso da jovem de 16 anos vítima de estupro coletivo, no Rio de Janeiro. O crime violenta um pouco de cada um de nós. Seja por compaixão à menor, seja por medo de sofrer barbárie parecida, seja por ver estampada todos os dias nos noticiários uma realidade incômoda. Afinal, esse é apenas um caso extremo entre cerca de meio milhão de estupros consumados ou tentativas de estupro, que acontecem anualmente no país. Desses crimes sexuais, 88,5% são contra mulheres e somente 10% do total são reportados à polícia, segundo a pesquisa “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde”, de 2014, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Enquanto os números explicitam a situação atual, uma análise histórica e sociológica permite enxergar como chegamos a isso. “A civilização no Brasil começou em 1500, na base do estupro. Os homens que desembarcaram aqui, criminosos condenados, enviados por Portugal para esvaziar suas cadeias, não respeitavam nem a integridade da mulher, nem outras civilizações”, aponta a procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf, especialista na área criminal. Com a mudança de d. João VI para o Brasil, acompanhado pela Corte portuguesa, 300 anos depois, veio outra classe de pessoas, mas se manteve a cultura patriarcal de sempre.
Se Luiza Nagib Eluf se ateve à história do Brasil para explicar o que vem sendo chamado de “cultura do estupro”, Eugênio Bucci vai mais longe. “A figura feminina é vista como ameaça na cultura do Ocidente, desde 2.900 anos atrás, quando começa na Grécia Clássica”, comenta o professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro do Instituto de Estudos Avançados, da mesma universidade. Para ele, dois personagens da mitologia grega têm muita influência na relação homem-mulher até a atualidade: Édipo, base fundamental da psicanálise, e Tirésias, bem menos conhecido do que o outro, mas bastante emblemático.
Tirésias foi homem e mulher na mesma existência e, quando perguntado sobre quem sentia mais prazer, dúvida que inquietava o coração de todos, respondeu: “Se dividirmos o prazer em dez partes, a mulher fica com nove e o homem, com uma”.

 O receio de estar ou não usando roupas “adequadas” faz parte do medo que a visão masculina impõe às mulheres

Bucci reconhece que não pode falar como psicanalista, mas, sim, como observador e pesquisador que estuda a cultura. Ele considera que a psicanálise tem uma presença tão forte na cultura que é até difícil percebê-la, como o ar que respiramos. E, entre seus reflexos, está a intolerância em relação à mulher. Diferentemente do que Sigmund Freud disse, que a mulher teria inveja do pênis, ele acredita que é o homem que tem inveja do orgasmo da mulher. “Ele não suporta a intensidade da força vital que emana da mulher. Nada é mais assustador para o olhar masculino do que uma mulher livre”, argumenta.
Para Luiza e Bucci, uma forma de opressão da sexualidade e liberdade feminina está na religião. “Na teologia, a mãe de Jesus é virgem, neutralizada, não sentiu o prazer de conceber”, aponta o professor. “As religiões são masculinas. A maioria esmagadora delas serve para oprimir a mulher. Tudo ao contrário do que pregava Cristo, por exemplo, um homem inteligentíssimo, que pregou a não violência”, complementa a procuradora. As regras religiosas e da sociedade em geral, ambas criadas dentro de uma cultura patriarcal, reforçam as diferenças de comportamento esperadas dos gêneros feminino e masculino.
Como dizia a francesa Simone de Beauvoir, escritora, filósofa e expoente do feminismo, a mulher não nasce mulher; é adestrada a sê-lo, desde as brincadeiras de boneca e casinha. Hoje o mesmo argumento é usado para o papel masculino por movimentos de liberdade sexual e afirmação de gênero. “E eles têm razão, se pensarmos que o menino aprende a brincar de luta, entre outras coisas supostamente de menino. Por isso são tão legais todas as formas que bagunçam o gênero”, diz Bucci. Para ele, o cross dressing (pessoas que usam roupas do sexo oposto), que tem hoje o cartunista Laerte como maior representante no Brasil, é um bom exemplo disso, porque põe em xeque os modelos culturais aprendidos.

Cultura do medo

Não se trata somente da atitude masculina em relação à mulher, mas também das próprias mulheres, que não têm consciência da sua condição e de por que existe uma grande quantidade de regras que as prejudicam. Luiza lembra de formas institucionalizadas do machismo para reprimir a sexualidade feminina: a divisão feita entre mulher de família “recatada e do lar” e a “mulher da vida” ou prostituta, tratadas pelo código penal como mulher “honesta” e “decaída”, respectivamente. “A sociedade patriarcal educa a mulher para ter medo. Medo que elas não sabem nem do que é, e que as impede de se realizar como profissionais e mesmo como mulheres.”
Brincar com bonecas “adestra” a menina a ser a mulher da cultura patriarcal, segundo Simone de Beauvoir
Medo, inclusive, de ser culpada por provocar o estupro, como usar “roupas inadequadas”, estar em “lugares inadequados” ou até falar “coisas inadequadas”. “Não só no Brasil, mas no mundo, apenas 10% a 15% das mulheres que sofrem crime sexual vão buscar ajuda da polícia ou dos serviços de saúde, tamanho o constrangimento, a humilhação e a vergonha pelas ameaças sofridas”, diz o ginecologista e obstetra Jef­ferson Drezett. Ele coordena o Ambulatório de Violência Sexual e Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, serviço criado há 22 anos e referência na área, que atende 4 mil casos de estupro ao ano, atualmente.
No caso do estupro coletivo no Rio, Drezett lembra que há imagens do ocorrido com declarações dos autores sobre o que teriam feito à garota numa situação clara de inconsciência e incapacidade de consentir ou de se defender. “Mas mesmo assim se esperava o que ia dizer o resultado do exame de corpo delito, feito no Instituto Médico Legal cinco dias depois do ocorrido. Há uma limitação técnica desses exames que muitas vezes não é corretamente interpretada pelo Judiciário”, afirma.
Embora as disciplinas da medicina legal afirmem que sempre é possível verificar evidências de um abuso sexual, estudos feitos em diferentes estados do país já identificaram que, nos casos em que ocorreu penetração vaginal, essas evidências são encontradas apenas em cerca de 15% das vítimas. Para completar o cenário, os casos de estupro com penetração constituem uma minoria (15% ou menos), segundo levantamento do Ipea. “Apesar de sua importância, temos uma valorização por vezes muito desproporcional do corpo delito. A ausência de evidência no exame não deve ser interpretada como ausência de crime sexual”, analisa Drezett.
Mais um agravante para o problema no Brasil é que a impunidade é a regra, apesar de haver atualmente aparatos do Estado para proteção à mulher, como delegacias especializadas, casas-abrigo e o programa de atendimento às vítimas de violência sexual. “Combater a impunidade e aumentar a pena são duas coisas boas, pois nossa legislação aceita progressão no regime do cumprimento. Sou contra fingir que está fazendo. Porque hoje nem o aparato estatal, nem o policial, nem a Justiça funcionam direito, e somente cerca de 7% dos crimes são investigados e punidos”, revela a procuradora.

Equilíbrio de forças

Para Luiza, os grandes avanços na questão de gênero no Brasil são recentes. Vieram com a Constituição Federal de 1988, inequívoca ao dizer que homens e mulheres são iguais. Ela também equiparou todos os filhos – independentemente da natureza da filiação e sexo, todos têm o mesmo direito –, e o homem casado passou a poder reconhecer filhos concebidos fora do matrimônio. Outra mudança considerável foi o direito de aborto em caso de estupro, risco à saúde da mulher e feto anencefálico – os únicos permitidos até hoje. “Demos um passo gigantesco na proteção da criança. E também da mulher, que era sempre considerada a errada da história quando o filho não era legítimo.” Na opinião de Luiza, a Constituição é muito criticada porque representou uma guinada indesejada pelos reacionários, grande parte da sociedade.
Mesmo com os avanços observados, a igualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho só chegaria daqui a cem anos
“Para o discurso conservador, é mais cômodo protestar contra o estupro de uma mulher do que apoiar uma mulher desejante e livre”, argumenta Bucci. Pela mesma razão, é mais fácil reservar à mulher o lugar de objeto sexual do que o lugar de sujeito atuante, dona do seu desejo, do seu destino, da sua opinião. “A mulher como vítima ou como objeto é sempre passiva”, afirma.
O quadro de passividade vem mudando. Hoje há uma grande movimentação feminista mundial. Apesar disso, as projeções de igualdade de gênero no mercado de trabalho são para daqui a 100 anos, no Brasil e no mundo. Difícil esperar outra coisa, já que a mudança de mentalidade é sempre um processo lento. Que o digam as francesas: elas só conseguiram o direito de voto quase 150 anos após a Revolução Francesa, comemorada como o nascimento da democracia. “Provavelmente eu vá morrer com noções machistas das quais nem tenho consciência. E você também”, provoca Bucci.
Por último, mas não menos importante, é essencial destacar que os valores masculinos também dominam hoje a forma humana de lidar com a natureza, que é uma figura feminina, assim como a ideia de “Mãe Terra”. A consequência disso tem sido o esgotamento dos recursos naturais, como já havia alertado, no século 19, Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica. “Para vivermos num ambiente de menos opressão, é necessário uma perspectiva ecológica, de valorização do feminino”, diz Bucci. Afinal, o resgate da parte enfraquecida fortalece e re-equilibra a todos. Não é bom apenas para a mulher, é bom para a humanidade.
Fonte: revistaplaneta.com.br
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segunda-feira, 29 de maio de 2017




O bem é contagioso



Shutterstock

Assistir a gestos bondosos ou compassivos aciona mecanismos nervosos e cerebrais que proporcionam um sentimento de bem-estar capaz de nos estimular a multiplicar esses atos.


Quando um ser humano testemunha ações notáveis de bondade, vive uma experiência única definida por pesquisadores como elevação moral. Estudos têm demonstrado que esse sentimento deflagra o otimismo e estimula a pessoa a querer agir de modo mais altruísta e fraterno com os semelhantes. Uma parceria entre a neurociência e a psicobiologia oferece uma nova contribuição a essa área, ao esmiuçar o funcionamento do cérebro e do corpo quando a elevação moral acontece.
Em um estudo da Universidade Estadual do Oregon (EUA), publicado em maio na revista Biological Psychiatry, 104 universitários assistiram a vídeos que mostram atos heróicos de bondade ou simplesmente situações divertidas. Enquanto isso, pesquisadores mediam sua frequência cardíaca e a atividade no córtex pré-frontal medial, uma estrutura do sistema límbico que tem papel importante nos processos da integração emocional e cognitiva.
Outro item avaliado foi a arritmia sinusal respiratória – a flutuação da frequência cardíaca com a inspiração e a expiração –, a qual sinaliza a atividade do sistema nervoso parassimpático (SNP). Esse sistema estimula ações que acalmam a pessoa, enquanto o sistema nervoso simpático (SNS), ligado à frequência cardíaca, está relacionado a reações do tipo “lutar ou fugir”.
Uma vez que a atividade do SNP está ligada a sentimentos de simpatia em relação a outras pessoas e a um comportamento mais sociável, os pesquisadores imaginavam que esse sistema nervoso estaria mais ativo quando os participantes vivenciassem momentos de elevação moral. O acerto foi parcial: os participantes que viram vídeos inspiradores da elevação moral apresentaram aumento na atividade não só do SNP, mas também do SNS.
Já os outros estudantes, que assistiram apenas a vídeos divertidos, não exibiram mudanças em nenhum desses sistemas nervosos. A ativação simultânea do SNP e do SNS despertou o interesse de Sarina Saturn, professora de psicologia da Universidade Estadual do Oregon e coautora do estudo. “É realmente um padrão incomum, no qual você vê esses dois sistemas recrutados para uma emoção”, avalia.

Coração acalmado

Ao pesquisar mais sobre o tema, ela verificou que o SNP e o SNS são ativados ao mesmo tempo em situações relacionadas a atos que beneficiam outras pessoas e que implicam estar alerta e estimulado, como cuidar dos filhos ou ter relações sexuais. Sarina deduz que a elevação moral deve estar vinculada a um padrão semelhante. Um gesto altruísta pressupõe, em geral, uma situação de sofrimento de algum indivíduo ou grupo, a qual gera estresse.
Observar que esse sofrimento é amenizado ou eliminado por um ato bondoso faz o SNP tranquilizar o coração, o que desfaz o estresse e abre espaço para um sentimento caloroso e agradável. O conjunto da experiência traz uma sensação de bem-estar que nos dá a impressão de que agir de forma compassiva e altruísta vale a pena.
Outro detalhe ressaltado pelos pesquisadores foi a atividade do córtex pré-frontal durante a experiência. Segundo eles, ocorreram variações de nível consideráveis nas comparações entre duas situações de elevação moral. A explicação para isso teria origem numa diferença entre essas situações: na primeira, ajuda-se uma pessoa com ferimentos físicos; na segunda, a pessoa não está ferida.
No primeiro caso, o córtex pré-frontal registrou maior atividade, o que indicaria que ele faz “escolhas” nas situações de elevação moral. “Pesquisas anteriores mostravam que quando você vê alguém com dores físicas, essa parte do cérebro se acende, o que pode explicar [o fenômeno]”, afirma Sarina.
Os pesquisadores concluíram que a elevação moral estimula o altruísmo ao misturar o desejo de proteger os outros e a excitação. Para a professora, o provável responsável por isso é a oxitocina, conhecida como o “hormônio do amor” por ser liberada quando se está perto da pessoa amada e já relacionada a sentimentos altruísticos.
Enquanto planeja experiências que ampliem os conhecimentos científicos sobre a elevação moral, Sarina considera praticamente certo que esse sentimento tem efeito positivo sobre qualquer pessoa. “Não importa onde estamos emocionalmente, ele pode elevar a todos nós”, avalia.
“Penso que tendemos a absorver o que estamos testemunhando e que isso tem um impacto no nosso corpo e no nosso cérebro. Descobrimos que basta mostrar um vídeo inspirador de pessoas sendo gentis para fazer esses eventos dramáticos ocorrerem no corpo e permitir que você, por sua vez, queira entrar nessa corrente do bem e ser pró-social.”

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Desigualdade sem controle


Segundo o Banco Mundial, um crescimento da economia para os mais pobres 2% superior ao do resto da população até 2030 eliminaria a pobreza extrema do planeta (Foto: iStockphoto)


O 1% mais rico da população mundial agora possui tanto quanto o resto do mundo, reforçando a afirmação da Oxfam (confederação de 17 or­ganizações e mais de 3 mil parceiros que atua em mais de 100 países na busca de soluções para a pobreza e a injustiça) de que a extrema desigualdade econômica está saindo de controle. Esse fenômeno é injusto e desprovido de moral, e suas consequências são corrosivas para todos.
A extrema desigualdade corrompe a política, impede o crescimento econômico e abafa a mobilidade social. Ela alimenta o crime e os conflitos violentos. Toca um nervo moral ao ameaçar a própria saúde de nossas democracias quando o poder político e econômico é capturado pelas elites. O rápido aumento da extrema desigualdade econômica está no caminho da eliminação da pobreza global.
Se a Índia reduzisse a desigualdade em 36%, poderia praticamente eliminar a pobreza extrema até 2019 (Oxfam, 2014). Nossa pesquisa indicou que a desigualdade é o elo perdido que explica como a mesma taxa de crescimento em diferentes países pode levar a diferentes taxas de redução da pobreza. De acordo com o Overseas Development Institute, 200 milhões do 1,1 bilhão de pessoas que viviam na extrema pobreza em 2010 poderiam ter escapado dessa situação se os pobres tivessem se beneficiado igualmente do produto do crescimento durante o período dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), entre 2000 e 2015 (Hoy e Samman, 2015).
As projeções dos economistas do Banco Mundial revelaram que, para eliminar a pobreza extrema até 2030, os mais pobres deverão se beneficiar de um crescimento superior em 2 pontos percentuais ao resto da população (Lakner e outros, 2014). Uma participação igual no crescimento não é suficiente e deixaria quase 200 milhões de pessoas adicionais presas na pobreza extrema (Oxfam, 2015).
Um alto nível de desigualdade constitui uma barreira para o crescimento econômico futuro porque obstrui o investimento produtivo, limita a capacidade produtiva e consumidora da economia e mina as instituições necessárias para uma sociedade justa. Pesquisadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) descobriram que um aumento na participação dos pobres e da classe média aumenta de fato o crescimento, enquanto fazer o mesmo para os 20% mais ricos resulta em menor crescimento (Dabla-Norris e outros, 2015).
Os extremos da desigualdade são, nas palavras do economista Ha-Joon Chang, da Universidade de Cambridge, “uma fonte de desperdício humano e econômico desnecessário” (citado em Oxfam, 2014, p. iii). A extrema desigualdade é uma preocupação imediata para todos nós e deve ser resolvida sem demora. Os organismos internacionais e os governos devem prestar mais atenção à distância entre os mais ricos e os mais pobres e monitorar a riqueza e as transferências de renda no topo e no fundo dos extremos da desigualdade. O acesso a dados de boa qualidade é imperativo para produzir uma investigação mais aprofundada sobre os fatores de extrema riqueza e desigualdade de rendimento, além de seu impacto na pobreza.
A desigualdade não é inevitável. Os governos podem reduzir os extremos econômicos adotando um pacote de medidas redistributivas, implantando sistemas fiscais mais progressivos que redistribuem equitativamente os rendimentos e aumentando o investimento em programas públicos de serviços públicos e de proteção social universais, de boa qualidade e gratuitos. Aumentar o número de empregos decentes que paguem salários decentes também é essencial. Os empregos de boa qualidade são inerentemente aqueles que pagam um salário digno, proporcionam segurança no cargo e respeito aos direitos dos trabalhadores, e asseguram a igualdade de remuneração para as mulheres.
Há, no entanto, uma dinâmica de poder para resolver, e a sociedade civil deve responsabilizar os tomadores de decisão. Os governos e as instituições públicas devem perceber que são, em primeiro lugar, servos dos seus cidadãos, e não de grupos de interesses. Os governos são obrigados a proteger os direitos humanos, o que envolve prevenir interesses comerciais de emascular esses direitos. Somente então poderemos enfrentar com êxito o flagelo da extrema desigualdade econômica.
Fonte: revistaplaneta.com.br

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A era do excesso






Vivemos em plena era do excesso. Vamos pelo mundo como ilhas ambulantes, a flutuar num oceano coalhado de produtos industrializados de todos os tipos, de medicamentos farmacêuticos, de poluição ambiental, de guarda-roupas cheios de peças inúteis, de constantes propagandas que nos conduzem à produtividade e ao consumismo insustentáveis. Sem falar no excesso de informação feita sob medida para poluir e intoxicar nossas mentes e nossos corações. Já parou para pensar na quantidade de coisas veiculadas pelos jornais, revistas, pela televisão e pelos milhões de sites na internet que, sem dó nem piedade, bombardeiam todos os dias nossas frágeis estruturas cerebrais?
Tudo que é demais faz mal. Intoxica. E intoxicação, como verbete de dicionário, corresponde a uma “série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas”. Da mesma forma, tudo aquilo que entra pelas portas dos sentidos – visão, olfato, paladar, tato, audição – pode ser de natureza deletéria e nos intoxicar. O modelo de civilização que inventamos é tóxico e chegou agora a um estado de paroxismo no qual a regra geral é a perda da consciência da medida das coisas.
Como costumo lembrar, para os antigos gregos o descomedimento – entendido exatamente como perda do senso de medida – era a maior de todas as falhas. Eles chamavam essa perda da consciência de limites de húbris, e consideravam que ela não tinha remissão. Quem cometia essa falha estava condenado ao inferno por toda a eternidade. Os deuses viam a húbris como a pior das formas de arrogância e puniam com severidade máxima todos que se deixavam seduzir pelo descomedimento.
Mas hoje perdemos essa noção fundamental da sabedoria grega, e manifestamos nossa perda da consciência de limites o tempo todo. Estaríamos todos, assim, condenados à danação eterna pelos deuses gregos. Não acredita? É fácil perceber, por exemplo, até que ponto fomos tomados pela compulsão de fazer tudo melhor, em maior quantidade e no menor tempo possível. Da manhã à noite ouvimos injunções vindas de fora – mas também de dentro – repetindo que é preciso fazer isso, ou aquilo, agir assim ou assado. Pouco a pouco, essas injunções tornam-se vozes interiores, autoritárias, que logo deixam de ser vozes e se transformam em gritos de ordem: produzir, comprar, consumir!

Cruzar os braços?

O filósofo francês Fabrice Midal é o líder do movimento “Soltar as rédeas”, que a cada dia reúne mais adeptos no seu país. Midal, que ensina meditação há mais de 20 anos, é um especialista no assunto – o próprio título que deu a seu movimento sugere isso. Ele afirma: “Quando ordeno a mim mesmo que tenho de responder a todos os meus e-mails hoje, sem falta, mesmo àqueles que não são urgentes, eu me coloco sob pressão e começo a me sentir culpado se deixar passar apenas um minuto sem fazer alguma coisa. O tempo todo é preciso fazer melhor, mais rápido, incrementar o desempenho. Mas o único resultado disso é nos trazer mais frustração. É preciso, portanto, que mandemos todas essas injunções para o inferno, obrigando-as a nos deixar em paz”.
A maior chance de êxito está na postura “o que tiver de ser será” (Foto: iStock)
Mas seria então o caso de cruzar os braços, de realmente mandar tudo para o inferno, de não fazer mais nada? Parece que não. Soltar as rédeas significa eliminar a pressão, mas não significa que temos de deixar de agir. Como fazer isso? Simplesmente mudando o ângulo de visão, a perspectiva. Por exemplo: você tem um projeto e deverá apresentá-lo a um potencial patrocinador. Você estudou, pesquisou, caprichou na elaboração do projeto. Mesmo assim, chega ao escritório do patrocinador como quem se aproxima do patíbulo.
Na sua cabeça, as preocupações dão pinotes como cavalos bravios. E se eu não conseguir me explicar? E se a ideia não agradar? E se tudo der errado? Você chega lá estressado, e sua angústia tem origem num único ponto: a impossibilidade de poder controlar tudo. Na melhor das hipóteses, você manda todas as preocupações para o inferno, decide enfrentar com coragem o desafio e exclama: “O que tiver de ser será”. É nessa postura que reside sua maior chance de ter sucesso na empreitada: quando deixamos correr solta a lógica da vida, descobrimos que ela oferece naturalmente as forças que conduzem ao progresso e à cura.
Midal e outros estudiosos estão convencidos de que tal postura, aparentemente paradoxal, é suficiente. Ele diz que “essa postura basta para suspender o desejo de perfeição, de sucesso, que nos estrangula”. Perguntado se a compreensão profunda do significado de “o que tiver de ser será” é decorrência da prática bem feita da meditação, Midal comenta: “Claro, muitos hoje vêm às práticas de meditação com a ideia de que têm um desafio a enfrentar, uma tarefa a ser executada, a obrigação de alcançar o objetivo: a serenidade. São esses pressupostos que, quase sempre, levam à frustração: a sensação, principalmente no começo das práticas, de não conseguir chegar aos resultados preconcebidos em nossa mente a respeito do que deve ser a meditação. A pessoa chega com a ideia de que terá de encarnar uma sabedoria”.

Presença plena

O mecanismo explicado por Midal é exatamente o mesmo que aplicamos a qualquer outra circunstância da vida: temos um desejo, que transformamos em um plano, e logo o projetamos a partir de uma perspectiva utópica, idealizada. Como raramente o resultado dos nossos esforços corresponde aos resultados idealizados, acabamos muitas vezes frustrados e sequer conseguimos desfrutar dos aspectos positivos de nossas realizações.
O sentido do termo “meditação” ainda é mal compreendido (Foto: iStock)
Dessa forma, voltando ao caso da meditação, como a sabedoria utópica parece não chegar, o que sobrevém é um sentimento de culpa por não se ter alcançado o sucesso esperado. Isso deriva em boa parte do fato de que, em geral, o sentido do termo “meditação” é mal compreendido. Na mindfulness meditation (meditação da consciência plena), por exemplo, esse termo induziu uma intelectualização da prática meditativa dentro de um espírito cartesiano. Na verdade, o sentido real da expressão não diz respeito a uma “consciência plena”, e sim a uma “presença plena” a tudo que acontece em nós, e notadamente em nosso corpo.
Para desfrutarmos da realidade como ela é – e esta é a única realidade que existe –, devemos suspender os desejos de perfeição e de sucesso, pois eles nos estrangulam e oprimem. Para alguns, convém aceitar tranquilamente o fato de não sermos perfeitos. Para outros, aceitar o fato de não sermos amados, de não conseguirmos nos manter calmos, de ainda não dominarmos nossas emoções, etc. Tais colocações, na verdade, constituem a plataforma básica de todas as psicoterapias, da psicanálise à hipnose ou à de linha junguiana.
Todas elas não nos pedem um trabalho voluntário para que aprendamos a controlar o que se passa em nós – postura que, a rigor, nos transformaria em escravos submissos a nós mesmos. Muito mais que isso, as técnicas psicoterápicas – bem como as religiões verdadeiras – nos convidam a retomar o gosto pela vida, a deixar que a vida siga seu curso a partir da sua própria lógica – e não a partir dos condicionamentos e injunções da atual cultura da produtividade e do consumismo insustentáveis. Esse é o grande segredo que, uma vez desvendado, nos permite escapar das intoxicações provo­cadas pela nossa “civilização das 500 mil coisas”. Para a verdadeira realização da pessoa humana, é muito mais importante “ser” do que “fazer”.

Profusão de informações

Quanta informação é produzida hoje? A cada dia, centenas de milhões de pessoas escrevem textos, tiram fotos e fazem vídeos que enviam a seguir. Governos reúnem dados, de boletins de ocorrência a censos demográficos, e empresas globais coletam informações sobre compras, preferências de consumidores e tendências. Há pouco menos de um ano, a Universidade Northwestern (EUA) divulgou um cálculo sobre isso. Confira os números (que, ressalve-se, têm crescido exponencialmente a cada ano).

Fonte: www.revistaplaneta.com.br



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Pedro Bial entrevista o jornalista Caco Barcelos





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domingo, 28 de maio de 2017

Transcendence A Revolução


Dica de filme:




Ano: 2017

Tema:Suspense

Sinopse: O Dr. Will Caster (Johnny Depp) é o mais famoso pesquisador sobre inteligência artificial da atualidade. No momento ele está trabalhando na construção de uma máquina consciente que conjuga informações sobre todo tipo de conteúdo com a grande variedade de emoções humanas. O fato de se envolver sempre em projetos controversos fez com que Caster ganhasse notoriedade, mas ao mesmo tempo o tornou o inimigo número 1 dos extermistas que são contra o avanço da tecnologia – e por isso mesmo tentam detê-lo a todo custo. Só que um dia, após uma tentativa de assassinato, Caster convence sua esposa Evelyn (Rebecca Hall) e seu melhor amigo Max Waters (Paul Bettany) a testar seu novo invento nele mesmo. Só que a grande questão não é se eles podem fazer isto, mas se eles devem dar este passo.

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O que faz sentido para a sua vida?

Foto: istockfoto

A instabilidade social, econômica e moral no mundo nos leva a questionar a humanidade dos outros. Mas também é preciso olhar para dentro e refletir sobre quem queremos ser.

A Terra vista de Marte é minúscula. Nós, humanos, no espectro do universo, menores ainda. Há menos de um ano, a Nasa detectou a existência de água em Marte. E se existe água, existe sentido para a vida. Na grandeza cósmica, somos pequenos, insignificantes. Somos pequenos, sim, mas também somos grandes. Se nos olharmos com outras lentes, veremos que significamos muito. Na Terra, cada vida tem a importância de um universo. O microcosmo do planeta já é grande o bastante. Tanta complexidade às vezes nos confunde. Este início de milênio é daqueles momentos em que a crença na humanidade é questionada. Diante da violência, quase sempre gratuita, da intolerância, do desrespeito à natureza, é inevitável perguntar: qual é o sentido disso tudo? Qual é o sentido da vida?

“Quanto mais louca e imprevisível é a vida, mais pensamos sobre o que ela significa e sobre a nossa transitoriedade aqui”, diz a enfermeira e Ph.D. em política de saúde pública Norma Bowe. Idealizadora e professora do curso Death in Perspective (Morte em Perspectiva), na Universidade Kean, em Nova Jersey (EUA) – com lista de espera de três anos –, Norma acredita que somente ao encararmos a morte podemos descobrir o significado da vida. “Nós, humanos, nos consideramos invencíveis até sofrermos uma primeira grande perda. Só assim para entender o real significado da mortalidade”, afirma.
Foi o pânico da morte que levou o cineasta português Miguel Gonçalves Mendes a iniciar sua nova obra, O Sentido da Vida, que deverá estrear em 2017. “Quando entro em um avião, eu choro. É vergonhoso! Principalmente ao lado do Giovane Brisotto, personagem central do filme, portador de paramiloidose familiar, uma doença hereditária rara e sem cura”, confessa.
De origem portuguesa, a paramiloidose familiar veio para o Brasil há 500 anos, mas pouco se conhece da doença no país. “Queremos divulgá-la aqui e, por meio dela, falar sobre processos históricos que nos levaram a estar todos conectados, como a globalização”, diz. A ideia do diretor com esse filme é criar uma cápsula do tempo para cristalizar o mundo esquizofrênico de hoje – nas palavras dele –, com o que há de bom e ruim.
A produção reúne outras sete realidades diferentes para mostrar formas distantes, ou não, de lidar com a vida. Os personagens já confirmados são: o escritor português Valter Hugo Mãe; a artista japonesa Mariko Mori; o juiz espanhol Baltasar Garzón; o músico islandês Hilmar Örn Hilmarsson; e o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen.­
“Circulando pelo mundo, vi que cada país é mais xenófobo e racista do que o outro”, diz Mendes. Para ele, a xenofobia foi a razão real para o Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia), e não a questão econômica. Justamente os ingleses, que colonizaram e exploraram o mundo inteiro, agora não querem aceitar os estrangeiros. “A Europa toda fez isso, inclusive Portugal. E vou fazer uma crítica ao Brasil: continua sendo um país de colonos brancos, matando índios.”
Mendes e Giovane Brisotto, portador de paramiloidose familiar e personagem principal da obra. Fotos: divulgação / arquivo pessoal
Mendes questiona o que será do mundo se o candidato Donald Trump, conhecido por sua ideo­logia racista, ganhar a eleição presidencial nos Estados Unidos. Ou se o Brasil tiver um governante evangélico, como o deputado Jair Bolsonaro, que prega a intolerância aos homossexuais, homenageia torturadores e desrespeita as mulheres. “Será que vamos evoluir ou vamos regredir, como do Império Romano para a Idade Média? A humanidade tem de passar por uma revisão, estamos perdendo o senso de comunidade, não podemos deixar um igual morrendo de fome. Temos de pensar se queremos paz social”, argumenta.
O filme pode ter surgido como uma forma de terapia pessoal para Mendes, mas ele tem tudo para ser uma verdadeira terapia em grupo, em que cada um encontra respostas para si. Mendes diz que até agora não conseguiu exorcizar o medo da morrer, mas já deixou de ser tão ansioso. “Aprendi a ser mais paciente, dar tempo para as coisas maturarem. Neste mundo rápido e acelerado em que vivemos, geralmente, não há muito espaço para isso.”
“O SENTIDO DA VIDA É VIVER”
Miguel Gonçalves
PARADAS OBRIGATÓRIAS
No cenário de demandas do cotidiano e imposições da sociedade, como encontrar espaço e tempo para refletir sobre a própria vida? “Vivemos de forma automática, do jeito que alguém disse que temos de viver, com uma sensação de escassez de tempo, mas não devemos esperar a aposentaria para nos questionarmos sobre qual é o sentido da nossa vida”, afirma Gabriel Carneiro Costa, escritor, com especialização em coaching profissional, pessoal e familiar e estudos em educação emocional, psicologia positiva e análise transacional.
Assim como não devemos nos questionar sobre isso apenas no fim da vida, não podemos achar que haverá uma única e definitiva resposta para a vida inteira, muito menos que exista uma resposta “certa” aplicável a todo mundo. Para Costa, o sentido da vida é o tipo de pergunta que não deve ser respondida, mas mantida como pergunta. Ao longo da existência, vários dilemas vão surgir, e a resposta vai mudar com o tempo. Por isso, é preciso refletir constantemente sobre essa questão em diferentes fases da vida. “O sentido da vida é a própria caminhada, deve estar conectado às coisas que você escolhe no seu dia a dia. O sonho já é outra coisa, é um ponto de chegada, é finito”, expõe.
Mas Costa alerta: a afirmação “o sentido da vida é ser feliz” não vale como resposta. “Conhece alguém para quem o sentido da vida seja ser infeliz? A questão é: o que é ser feliz pra você?”, provoca (leia quadro à pág. 42). No processo de mudança que ele desenvolve, a maioria dos seus clientes tem entre 35 e 55 anos. “Parece que inicialmente temos de realizar um compromisso social – do que os outros esperavam da gente –, para depois fazer uma reflexão mais profunda sobre os próprios desejos. E aí assumir o que queremos ser”, analisa.
Caso contrário, corremos o risco de chegar ao leito de morte engrossando o coro do arrependimento mais comum, como Bronnie Ware, enfermeira especializada em cuidados paliativos, afirma no livro Antes de Partir (Geração Editorial): ter vivido como os outros esperavam e não ter tido a coragem de viver uma vida fiel a si mesmo.
PERCALÇOS DO CAMINHO­
Mas prepare-se: honrar seu propósito de vida implica perdas. Você terá de abrir mão de convites, oportunidades, hábitos e até mesmo do dinheiro para viver mais de acordo com o sentido que vê na sua vida. Lidar com as renúncias é o maior desafio de se ligar à própria essência. “No sentido filosófico, todo mundo considera que o dinheiro tem menos importância, mas, na esfera prática, ninguém quer diminuir a renda que recebe”, diz Costa.
“Quem você quer ser?” é uma questão que deve vir antes e está acima do que você quer ter, seja cargo, salário, casa, marido/esposa, filho, etc. “As pessoas sabem que filho querem ter, mas não pensam que pai/mãe querem ser. Sabem que marido/esposa querem ter, mas não pensam em quem querem ser na relação. Todos estão comprometidos com a mudança do outro. Mas a questão aqui é olhar para si”, aponta.
Olharmos para dentro inclui nos perguntarmos o que podemos fazer para melhorar o relacionamento ou o emprego em que estamos, antes de trocar tudo o tempo todo, como os integrantes da nova geração (conhecida como Geração Y) costumam fazer. “Devemos trabalhar com atitude em tempo presente, sem perder a visão de médio e longo prazo”, observa Costa.
“O FATO DE ESTARMOS AQUI APENAS SE JUSTIFICA PELA EXISTÊNCIA

DO OUTRO”
Valter Hugo Mãe, escritor português
Essa urgência de “ser feliz” dos jovens pode ser prejudicial à vida deles, mas denota uma liberdade maior para viver os próprios caminhos atual­mente. Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação, lembra que, até pouco tempo atrás, a maior rea­lização que a sociedade oferecia às mulheres eram o casamento e os filhos. Hoje não é mais assim, mas pode ocorrer o contrário: a mulher que decide cuidar da casa e dos filhos costuma ser criticada por isso. “As imposições da sociedade mudam com cada época.”
Voltando mais para trás, por muito tempo, as religiões determinavam o sentido da vida, sem deixar espaço para que cada um refletisse sobre isso. Por isso, Janine enfatiza que a pergunta correta é: “Qual é o sentido da SUA vida?”. Segundo ele, a visão dominante hoje no meio filosófico é que o sentido da vida não é dado, cada um constrói o seu. Cabe até mesmo saber se existe ou não.
“A EVOLUÇÃO NUNCA SERÁ UM PONTO DE CHEGADA, MAS A PRÓPRIA JORNADA, E É ISSO QUE CONSIDERO O SENTIDO MAIOR DA MINHA VIDA”
Gabriel Carneiro Costa: escritor e coach 
Para cada um achar seu caminho, Janine sugere duas questões essenciais: “O que realmente me alimenta?” e “Como eu alimento o mundo, ou seja, o que eu deixo de legado para os outros e para o mundo?”. Mas ele pondera que existe um elemento muito forte de acaso, uma sucessão de situações externas sobre as quais não temos controle e que podem afetar as oportunidades a que temos acesso.
Mesmo diante das surpresas desagradáveis que a vida lhe apresentar, bagunçando todos seus planos e pondo seus sonhos em xeque, é preciso ser capaz de encontrar propósito e significado em cada fase. “Somos responsáveis pelas nossas alegrias e decepções, pelos bons e maus momentos que vivemos”, afirma Norma. “Temos sempre o poder de decidir como reagir à adversidade. Devemos parar de culpar os outros e tomar a responsabilidade pela forma como vivemos.” Afinal, a felicidade está muito mais alinhada às nossas decisões do que ao destino que nos apresenta.
Fonte:revistaplaneta.com.br
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