terça-feira, 30 de abril de 2013

Peso X Remédios


       Excesso de peso pode não ser só efeito colateral de                 remédio psiquiátrico

Catherine Saint Louis              

The New York Times

Laura Ward, de 41 anos, sempre atribuiu seus quilos em excesso aos medicamentos contra depressão grave que tomava. Então ela, que tem 1,67 cm e chegou a pesar 100 quilos, não tentava emagrecer nem evitava cair em armadilhas da alimentação, como o frango frito.
Porém, em um ensaio clínico, Ward conseguiu perder mais de 13 quilos praticando aeróbica de baixo impacto três vezes por semana. Durante o experimento, que durou 18 meses, ela foi apresentada à couve-flor e sentiu dores após fazer exercício pela primeira vez. Ela e os demais participantes frequentaram sessões de aconselhamento, onde praticavam recusar comidas sem qualidade e escolher porções menores. Ela passou a beber dois litros do refrigerante Diet Dr. Pepper por dia, em vez de oito.
Com o passar do tempo, Ward, que vive em Baltimore, percebeu que sua forma física não era simplesmente um efeito colateral de medicamentos. "Se fossem apenas os medicamentos, eu nunca teria perdido todo esse peso", disse ela.
Efeito colateral
As pessoas que têm doenças mentais graves, como esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressão maior, são pelo menos 50% mais propensas a ter excesso de peso ou obesidade do que a população em geral. Elas morrem mais cedo também, tendo como causa principal a incidência de doença cardíaca.
No entanto, a alimentação e a prática de exercícios geralmente ficam em segundo plano no tratamento de suas doenças. Os medicamentos usados, como antidepressivos e antipsicóticos, podem aumentar o apetite e peso. 
"O tratamento contribui para o problema da obesidade", disse Thomas R. Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental. "Nem todas as drogas fazem isso, mas isso fez com que o problema da obesidade se agravasse na última década."
Essa tem sido uma questão difícil para os especialistas em saúde mental. Uma análise dos programas de promoção da saúde para as pessoas com doença mental grave, publicada em 2012 por pesquisadores de Dartmouth, concluiu que em 24 estudos bem elaborados, a maioria das pessoas alcançou uma perda de peso estatisticamente significativa, mas muito poucas alcançaram uma "perda de peso clinicamente significativa".
Estudo
No entanto, um estudo publicado online no The New England Journal of Medicine em março divulgou as evidências mais abrangentes já disponibilizadas de que as pessoas com doença mental grave podem perder peso, apesar dos desafios. Cerca de 300 pessoas com esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno esquizoafetivo ou depressão – incluindo Ward – foram distribuídas entre um grupo de controle que recebeu uma alimentação básica e informações sobre a prática de exercícios e outro cujos membros se exercitavam juntos e participavam de sessões de controle de peso.
A diferença média entre os grupos após 18 meses foi de apenas 3,5 quilos, mas estudos mostram que isso já é suficiente para reduzir os riscos cardiovasculares, notaram os pesquisadores. Cerca de 38% dos participantes do grupo de intervenção perderam ao menos 5% do seu peso inicial, em comparação com apenas 22,7% dos membros do grupo de controle.
 A diferença entre os dois grupos poderia ter sido maior, já que o grupo de controle se beneficiou de um dos aspectos da intervenção: as escolhas alimentares mais saudáveis oferecidas nos 10 programas psiquiátricos onde o estudo foi realizado, como peixe cozido em vez de frito.
"Essa população pode mudar", disseGail L. Daumit, principal autora do estudo e internista da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. "Existe um forte estigma que diz que eles não têm como mudar."
A maioria dos outros estudos reuniu "uma população definida de maneira bastante limitada que excluiu as pessoas que têm muitas comorbidades", disse Caroline Richardson, do Sistema de Saúde de Veteranos de Guerra de Ann Arbor, Michigan. Mas esse estudo "se aplica a inúmeras pessoas".
O estudo sugere que a perda de peso pode ter uma trajetória diferente no caso das pessoas com doença mental. No grupo de intervenção, a perda de peso não "se intensificou logo" e, em seguida, desacelerou, como às vezes acontece em programas direcionados para pessoas sem doença mental, disse Daumit. Em vez disso, ela foi "progredindo ao longo do experimento".
Desde o término do estudo, Ward disse que recuperou pelo menos 7 quilos. Ainda assim, todos os dias ela caminha por 20 minutos.
Stephen J. Bartels, professor de psiquiatria de Dartmouth e coautor da análise de 2012, disse que as intervenções mais eficazes junto às pessoas com doença mental combinavam estratégias de educação e atividade estruturada, com foco na prática de exercícios e na alimentação.
Aulas e programas de exercícios parecem funcionar melhor quando estão disponíveis nos locais onde são prestados serviços de saúde mental. E esses programas provavelmente deveriam durar por pelo menos seis meses, disse ele.
Se perder peso é um desafio para qualquer um, imagine para as pessoas que têm problemas cognitivos e de memória. No estudo conduzido por Daumit, os pesquisadores deram cartas aos participantes para que eles as levassem na carteira e na bolsa; elas enfatizavam mensagens a respeito de evitar, por exemplo, bebidas açucaradas.
Programas
Um dos poucos programas de promoção da saúde amplamente testados por pessoas com doenças mentais é o InShape, disponível em 10 localidades de New Hampshire e em nove programas em outros cinco estados. Um dos princípios do programa é fazer com que os pacientes definam seus próprios objetivos, com a ajuda de um "mentor" pró-saúde que às vezes também os acompanha até a academia para evitar que eles se sintam desconfortáveis.
Em uma intervenção randomizada e controlada com duração de um ano que utilizou o InShape, a ser publicada no periódico Psychiatric Services, quase metade dos 133 participantes teve ou uma perda de peso clinicamente significativa (de pelo menos 5% do peso corporal) ou melhorias clinicamente significativas graças a uma caminhada de seis minutos, disse Bartels, o principal autor do estudo.
"Muitos deles acabam se sentindo impotentes quanto a evitar o ganho de peso", Ken Jue, que criou o InShape na agência de saúde Monadnock Family Services, em Keene, New Hampshire, em 2003. "Nós tentamos incentivar as pessoas e dizer que elas têm algum controle sobre essa situação."
Fonte: www.uol.com.br

Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.

Telefone para marcar consulta: 22 2643-6366

Nenhum comentário:

Postar um comentário