ONU condena Brasil por absolvição de homem acusado de estuprar meninas
O STJ absolveu o homem sob a presunção de que elas se prostituíam; Tribunal admite rever decisão
EFE
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenou nesta quinta-feira a decisão no Brasil do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de absolver um homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos sob a presunção de que elas se prostituíam.
"É inconcebível que a
vida sexual de uma menina de 12 anos de idade possa ser utilizada para
revogar seus direitos", declarou Amérigo Incalcaterra, representante
regional do ACNUDH para a América do Sul, em comunicado divulgado pelo
escritório, com sede em Santiago do Chile.
"Esta decisão abre um precedente perigoso e discrimina as vítimas
tanto pela idade quanto pelo gênero", acrescentou. Incalcaterra
indicou que a decisão do STJ viola vários tratados internacionais de
direitos humanos ratificados pelo Brasil, como a Convenção sobre os
Direitos da criança, e ressaltou que todos os tribunais têm a obrigação
jurídica de interpretar e aplicar esses convênios.
Por sua vez, o representante do ACNUDH "acolheu com satisfação" as
críticas feitas pela Secretaria de Direitos Humanos do Brasil sobre a
sentença e ofereceu a assistência e cooperação de seu escritório ao
Poder Judiciário desse país em matéria de padrões internacionais de
direitos humanos.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler,
admitiu nesta quinta-feira que a Corte pode rever o julgamento em que
inocentou um homem que manteve relações sexuais com meninas de 12 anos.
Pelo entendimento do tribunal, a relação sexual entre um homem e
crianças menores de 14 anos de idade não configura necessariamente o
crime de estupro. "É um tema complexo. Foi decidido por uma seção do
tribunal. É a palavra do tribunal, mas evidentemente cada caso é um
caso. O tribunal sempre está aberto para a revisão de seus julgamentos.
Talvez isso possa ocorrer", admitiu Ari Pargendler.
Na quarta-feira, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, criticou o resultado do julgamento e defendeu a reversão da decisão. Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ser contrário a essa decisão, mas disse que é preciso respeitar o resultado do julgamento.
"As decisões do tribunal têm que ser respeitadas, por mais que
eventualmente nós possamos discordar. Eu, como estudioso do Direito,
tenho uma posição contrária. Mas o tribunal tem essa decisão. Não sei se
ela será mantida, não sei se ela é definitiva. Mas aguardemos",
afirmou.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br
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