Por Xico Sá
Alguns leitores mais ácidos –é bom tê-los como fiscais do meu lirismo bregamente derramado- cutucam, provocam:
-Esse cara feio de doer é um populista com as fêmeas, quer
arrebatá-las com essa conversinha mole, mimos, delicadezas, agás,
nhenhenhéns…
Bem, falar mal à toa de mulher é que não vou. Besta é tu, besta é tu,
como diriam os “Novos Baianos”, que as demonizam como envenenadas Evas
expulsas do Paraíso.
Mulher é minha causa. Mulher é o meu dogma. Mulher sempre foi meu comunismo.
Maltratá-las é que não vou. Muito menos cair no conto de que elas não
existem, como queria titio Lacan. Isso é papo-aranha de intelectual
solteirão.
Tampouco é verdade essa historinha de que não sabemos o que querem as mulheres.
Pera lá. Não sabemos tudo, óbvio, não deciframos todos os mistérios,
mas conhecemos muitos modos de agradá-las e cumprir parte da demanda.
Elas merecem e este, afinal, é o grande desafio na terra de um homem de boa vontade.
O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade da clássica
pergunta de Freud, mas a interrogação não veio ao mundo para nos
acomodar.
Veio para instigar o cidadão.
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus
desejos como labradores do amor e antecipem essas realizações.
Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à
montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas
não agüentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante
decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam
quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável
rotina é coisa de macho!
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que,
aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas
da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores.
Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do
agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa.
Comédia de erros. Onde queres Leblon sou Pernambuco… Onde queres
romance, rock’n’roll…
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a
alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas.
O radar capilar tem que acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
As mulheres querem… massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem… molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem… flores e presentes. Não caia, jovem mancebo,
nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo,
os lascados de tudo não teriam nenhuma, nunca, jamé.
Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia
do desalmado. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a
fidelidade. O que vale é a devoção, amigo.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo,pobre de
marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia
de uma jóia da Tiffany´s.
Fonte: www.xicosa.blogfolha.uol.com.br
Atendimenro psicológico na Clínica Genesis em Cabo Frio. Tel: 22 2643-6366
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