Recentemente enviei por e-mail ao meu filho João, hoje com 30 anos, o
link que leva a um vídeo na Internet – um anúncio de camisinha – bem
engraçado: a primeira cena é de um menino brincando com duas bonecas
loiras, tipo Barbie. O pai observa, com ar de preocupação, e em seguida
oferece enfaticamente ao garoto dois bonecos, tipo Falcon. O filho
brinca um pouco com os novos brinquedos, mas em seguida aparece dormindo
com as bonecas. O filme avança abruptamente para o futuro, e a última
cena é de um belo rapaz – o antigo garoto – deitado e abraçado a duas
loiraças de fechar o comércio.
Comentei com meu filho que aquele vídeo me fez lembrar de um episódio
da infância dele: quando tinha uns 4 ou 5 anos, pediu-me uma boneca
Barbie. Achei aquilo normal, como acharia se uma filha me pedisse uma
bola ou um carrinho. O pai do João, no entanto, não concordou comigo, e
para não polemizar, engambelei meu filho, que esqueceu o assunto. Eu
sabia que o interesse dele era motivado pela enorme curiosidade sobre o
corpo feminino, comum entre garotos. A Barbie chama a atenção por não
representar um bebê, mas uma mulher que os homens classificariam como
gostosa, com seios e quadris, embora um pouco magra para os padrões
brasileiros. Já o tinha visto manusear essa boneca de uma amiguinha, com
muito interesse.
Meu filho e eu rimos da história, da qual ele nem se lembrava mais.
Para completar, disse que estava muito feliz por ele, agora adulto, ter
encontrado "sua Barbie de verdade", a minha linda e querida nora.
Acrescentei que, se no passado ele tivesse mostrado outro tipo de
interesse sexual, eu o teria apoiado da mesma forma. Para não perder a
piada, ele protestou: "e só agora você me fala isso"?
Interessante que o episódio se repetiu com o Mateus, meu filho menor,
20 anos mais novo. Lá pelos 4 anos, ele também mostrou interesse pela
Barbie. Ser mãe mais velha e experiente tem suas vantagens, e desta vez a
solução foi fácil: não precisei partilhar o assunto com o pai do
Mateus, já que foi a babá quem "comprou" a Barbie para si própria. O
Mateus pegou a boneca, despiu-a, apalpou-a à vontade, e a seguir
deixou-a de lado, para sempre. Nunca mais deu a menor pelota para a
pobre Barbie (homens, homens...). Claro, a curiosidade foi saciada, e
pronto. Sem medo de ser feliz.
Como diz o Mateus, hoje com 10 anos, a vida não é fácil. Mas –
acrescento eu – às vezes a gente a complica ainda mais. Importante é
criar meninos e meninas que saibam usufruir, com muito respeito ao
próximo, da afetividade que faz a vida valer a pena. O resto, bem, o
resto é detalhe.
*Judith Brito é executiva do UOL desde a sua fundação
Fonte: www.uol.com.br/mulher
Atendimenro psicológico na Clínica Genesis em Cabo Frio. Tel: 22 2643-6366
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