Dra. Terezinha Barreiro
Lembro-me de quando criança
não pensar. Não pensar mesmo, com exceção dos deveres escolares. Tenho boa
memória do tempo de minha alfabetização. Que delícia entrar naquele universo de
palavras, minha mãe doidinha com minha insistência em pegar o material escolar
do meu irmão mais velho e tentar, rabiscando, escrever o que eu imaginava estar
entendendo.
Assim vieram as letras, as palavras, as frases. Com quatro anos já
me interava muito bem com meus livrinhos de estórias e claro, com os cadernos
do coitado do meu irmão, onde eu ainda insistia em pegá-los, mas que nessa
altura, mamãe, para me contentar, comprara um caderno horizontal onde eu já
começava a copiar todas as lições de casa que ele trazia. Achava aquilo o
máximo, o melhor da vida, mas não pensava, só sentia.
Uma euforia me tomava,
levando-me a sonhos tão reais que me distraia com o tempo, esquecendo os
amiguinhos e a calçada que me esperava, com direito a giz, amarelinha, casca de
banana, piques e muitas gargalhadas. Não me programava, do tipo amanhã vou fazer
tal coisa. Cada dia tinha sua própria surpresa e a fantasias corriam soltas. Uma
roda gigante dominical, um piquenique (e foram muitos), uma ida à praia, um
final de chuva em que todos nós corríamos para a calçada à procura de filhotinhos
de passarinhos que pudessem ter caído dos seus ninhos, onde os meninos mais
altos pegavam escadas emprestadas para colocá-los de volta.
O que teria eu para pensar? Só sentia. Aprontava pouco, apesar da curiosidade sempre ser meu traço mais marcante. Não fazia fofocas porque isso não existia no meu mundo, mas desobedecia meus pais quando o assunto era sobre algo que ainda não tinha feito, como ir na casa de uma vizinha sem avisar, só para subir na goiabeira e me empanturrar de deliciosas goiabas vermelhas. Estas ainda são minhas favoritas, ou ir na casa de uma amiguinha mais velha e deixá-la me maquiar toda como se eu fosse uma atriz de cinema. Claro, era certo de acontecer a bronca enorme que mamãe me dava, com aqueles discursos que os pais fazem com um dom de parar o tempo, de tão compridos e chatos para quem está vivendo grandes emoções,como uma criança, mas bastava chegar o próximo fim de semana e lá estava eu, de novo, sendo maquiada ou penteada, usando perfume forte, do tipo Charisma, eca, que me faziam sentir maravilhosa como nos filmes em preto e branco, apesar das cores serem múltiplas em nossa cabecinha.
O que teria eu para pensar? Só sentia. Aprontava pouco, apesar da curiosidade sempre ser meu traço mais marcante. Não fazia fofocas porque isso não existia no meu mundo, mas desobedecia meus pais quando o assunto era sobre algo que ainda não tinha feito, como ir na casa de uma vizinha sem avisar, só para subir na goiabeira e me empanturrar de deliciosas goiabas vermelhas. Estas ainda são minhas favoritas, ou ir na casa de uma amiguinha mais velha e deixá-la me maquiar toda como se eu fosse uma atriz de cinema. Claro, era certo de acontecer a bronca enorme que mamãe me dava, com aqueles discursos que os pais fazem com um dom de parar o tempo, de tão compridos e chatos para quem está vivendo grandes emoções,como uma criança, mas bastava chegar o próximo fim de semana e lá estava eu, de novo, sendo maquiada ou penteada, usando perfume forte, do tipo Charisma, eca, que me faziam sentir maravilhosa como nos filmes em preto e branco, apesar das cores serem múltiplas em nossa cabecinha.
Precoce na infância, no
desenrolar dos anos não seria diferente. Aos sete anos já havendo concluído o
primário, imagina que esquisito, mas obrigada por meus pais a cursar a quinta
série e o admissão por ser muito nova, entro no ginásio com quase dez, me
sentindo uma menina, mas com o corpinho insistindo em trazer modificações.
Os
anos foram passando e meus sonhos aumentando, mas agora eu já pensava, tinha
consciência disso, e se por um lado já sabia da importância do pensamento até
mesmo para sonhar, comecei a entender o duro preço de estar crescendo e me
tornando um ser pensante demais e com sentimentos maiores ainda.
Minha
sensibilidade veio para ficar e até hoje governa minha vida, mas na mistura de
sonhos, pensamentos e sentimentos, veio também a experiência da dor, dor moral,
dor de sentir no coração, lágrimas de sofrimento. Se antes aprendi que para
sorrir bastava estar feliz ou simplesmente me divertindo com uma estória
contada por alguém, descubro já adulta que o que nos leva ao choro são as memórias,
assim como os fatos atuais que nos ferem em nossos valores e sentimentos.
Hoje afirmo que prefiro
sonhar. Escolhi esse caminho porque faz sentir-me segura, livre e feliz. O
pensamento deixo para esse lado de responsabilidades e compromissos, pois sei
que são necessários para organização do nosso dia, nossa família, profissão e
outras coisas, mas de sonhar e imaginar não abro mão.
Ao imaginar, percebi que posso
enxergar através dos olhos dos outros e sentir os seus sentimentos, para então
saber respeitar as diferenças de cada um.
Com meu sonhar, consigo voar,
nadar, virar sereia e flor. Ser chuva, vento, minhoca e anzol.
Bem, assim cheguei até aqui,
sou psicóloga, muito prazer.
Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.
Telefone para marcar consulta: 22 2643-6366
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