Ir ao encontro de angústias e incertezas que
nos apavoram pode ser a melhor forma de não paralisar e seguir em direção ao
amadurecimento emocional
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É absolutamente normal
sentir medo. Ele faz parte de um sistema natural de defesa, que vem evoluindo
conosco já faz alguns milhares de anos e surge nas situações mais diversas e
imprevistas.
É paralisante, irracional e incontrolável.
Desperta reações subconscientes e nos remete ao ancestral selvagem que habita
em nossa mente – e ainda move (oufazestancar)nossocorpo.
Diferentemente do que
acontecia com nossos “ancestrais selvagens” ou ocorre comoutros animais, no
entanto, os motivos dos medos que experimentamos raramente se
materializam, permanecendo mais em nosso imaginário do que na vida real.
Essa “expectativa” de uma ameaça que nunca se
concretiza pode se tornar patológica, dando vazão a transtornos
cognitivo-emocionais. Explico: imagine a “pane” que acontece quando um fabuloso
sistema biológico preparado para reagir lutando até a morte ou fugindo até
esgotar sua energia muscular é continuamente ativado, mas não chega a se tornar
necessário de fato.
É mais ou menos como se um piloto estivesse parado com seu
carro no sinal vermelho, o sinal de vez em quando desse “alerta” amarelo, ele
se preparasse para sair do lugar, começasse a acelerar, esquentasse o motor
e... nada, o sinal voltasse a ficar vermelho novamente.
Repetidas ativações do sistema de defesa
(sinal amarelo), sem nunca requerer a resposta motora (sinal verde) e sempre
retornando ao ponto de partida (sinal vermelho), com imobilidade e muita
expectativa: assim é o ciclo deflagrado no organismo numa situação de estresse
crônico e contexto urbano moderno.
Esses ciclos de carga
emocional acontecem de forma bastante semelhante à situação do piloto numa
largada descrita acima. As pupilas se dilatam, a atenção aumenta, os batimentos
cardíacos se aceleram, o corpo mobiliza energia, os músculos ficam tensos – e
tudo absolutamente em vão. A expectativa do medo provoca estresse e dá vazão a
sintomas somáticos, incluindo, por exemplo, a hipertensão.
Neste momento você
poderia se perguntar: “Mas temos um sistema de defesa em nosso cérebro que
serve para nos deixar estressados e doentes?”. Na verdade, não é bem assim. O
que ocorre é um processo que chamamos de má adaptação. O mundo está mudando
rapidamente à nossa volta, a população cresce exponencialmente, tudo a uma
velocidade de renovação tecnológica sem precedentes, e você, no fundo (e no
cérebro), continua sendo um homem (ou mulher) das cavernas!
Esse ancestral, que
tinha o cérebro muito parecido com o
seu, vivia em constante confronto com
perigos reais e corria risco de vida em várias situações; se “desse bobeira”,
era devorado por algum grande predador ou tomava um bocado de pancadas de um
rival ou competidor. Nesse caso, toda essa resposta emocional, o coração
batendo tão rápido que parece querer sair pela
boca, a preparação para a fuga ou para o combate iminente, era puramente
justificada! Assim, extravasando a energia mobilizada, o homem primitivo não
sofria de úlcera nervosa...
Em resumo, é
fundamental enfrentar nossos medos e aprender a lidar com nosso cérebro de
homem das cavernas que vive na selva urbana. Nem toda fumaça indica incêndio, e
precisamos ficar alertas para não sermos ludibriados pelos bugs de nosso
sistema operacional que já vem desatualizado de fábrica.
A reprogramação mental
– e emocional – é possível e bem-vinda. Em tempos de crise e quebra de
paradigmas como o que vivemos atualmente, com o planeta se tornando um grande
formigueiro, a mudança de nossa mente e nossas atitudes se faz extremamente
necessária, incluindo aí o enfrentamento de fantasmas, angústias e incertezas
que todos temos, em alguma medida. E não podemos nos dar ao luxo de
alimentá-los, pois o medo é paralisante e nos faz desperdiçar muita energia.
Melhor enxergar essas emoções como um sinal que aponta em direção a fraquezas e
proporciona oportunidades de
amadurecimento. Afinal, “não há coragem sem medo” (em inglês, “There cannot be
courage without fear”), frase atribuída ao piloto de Fórmula Indy e designer de
automóveis Eddie Rickenbacker. Ás da aviação americana durante a Primeira
Guerra Mundial, ele foi consultor militar, empreendedor e sobrevivente de
desastre aéreo, encarou seus medos e não os deixou impedi-lo de realizar seus
sonhos.
Fonte: UOL.com.br
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Telefone para marcar consulta: 22 2643-6366
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