As sua ideias sobre o inconsciente – uma
espécie de porão pouco iluminado da mente que é inacessível ao pensamento
racional, mas que ainda assim influencia a conduta das pessoas – já se tornaram
domínio público.

Ainda que tenha permanecido popular em reuniões sociais, a ideia
de inconsciente já não convencia tanto assim os psicólogos do século XX, graças
ao surgimento de abordagens mais científicas da psicologia. Estas se
concentravam somente no estudo do comportamento e se abstinham de teorizar a
respeito dos mecanismos internos da mente.
Em seu livro mais recente, “Subliminal” (Subliminar), Leonard
Mlodinow, um físico teórico, revela como a ideia do inconsciente voltou a ser
respeitável nos últimos 20 anos.
Este desenvolvimento foi auxiliado por
evidências experimentais rigorosas dos efeitos do subconsciente e,
especialmente, por tecnologias que permitem escanear o cérebro em tempo real
para que pesquisadores possam examinar o que está acontecendo dentro da cabeça
de suas cobaias.
A evidência experimental sugere que, como Freud suspeitava, o
raciocínio consciente é responsável por uma parte relativamente pequena da
atividade em nossos cérebros, sendo que a maior parte da atividade acontece em
lugares insondáveis.
Entretanto, ao
contrário do inconsciente freudiano (um lugar quente e claustrofóbico repleto
de memórias reprimidas e fantasias sexuais inapropriadas a respeito das figuras
paterna e materna), o inconsciente moderno é um lugar onde dados são
processados ultra-rapidamente, onde mecanismos de sobrevivências úteis e regras
empíricas a respeito do mundo foram lapidadas ao longo de milhões de anos de
evolução.
É o inconsciente, por exemplo, que costura os dados de cor,
forma, movimento e perspectiva para criar a visão experimentada pela parte
consciente da mente.
Experimentos com pessoas com certos tipos
específicos de dano cerebral, que eliminam a habilidade de desempenhar algumas
destas tarefas, podem revelar o que está acontecendo embaixo dos panos. Pessoas
com “visão cega” podem responder a alguns estímulos visuais até mesmo quando
não têm consciência de estar vendo.
Em experimentos
em que pessoas com esta condição caminham por corredores cheio de obstáculos,
elas se esquivam e caminham até seu destino sem se machucar porque alguns dados
residuais ainda chegam ao cérebro – ainda que em um nível que passa
despercebido por suas mentes conscientes.
A visão moderna da mente inconsciente pode ser mais benigna que
a de Freud, mas ainda assim pode gerar impulsos indesejáveis.
Alguns psicólogos
teorizam que a tendência do humano a categorizar quase cada pedaço de
informação que cruza o seu caminho é um mecanismo de sobrevivência que evoluiu
para permitir que certas decisões sejam tomadas rapidamente.
Além disso, este mecanismo também pode estar
por trás da tendência humana de agrupar pessoas em raças, gêneros, credos e
similares, e depois aplicar certas características – sem fundamentação – para
todas as pessoas de um certo grupo.
Os insights fornecidos pela ciência moderna a respeito do modo
de funcionamento da mente humana são fascinantes em si, mas também sugerem que
muito da sabedoria popular a respeito do comportamento humano talvez precise
ser reconsiderado.
Mlodinow observa que os modelos econômicos,
por exemplo, “baseiam-se na presunção de que as pessoas tomam decisões… pesando
conscientemente todos os fatores”, enquanto a pesquisa psicológica sugere que,
na maior parte do tempo, elas não se comportam assim.
Em vez disso, elas atuam com base em regras
simples e inconscientes que pode às vezes geral resultados completamente
irracionais.
Fonte: The Economist
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