Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
Transexuais fazem manifestação em apoio a lei em frente ao Congresso argentino
Uma nova lei argentina, que permite a
travestis e transexuais mudarem seus nomes nos documentos de identidade sem
recorrer à Justiça, pode beneficiar cerca de 60 mil pessoas.
A estimativa é do presidente da Federação Argentina de
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais e (FALGBT), Esteban Paulón.
A Lei de Identidade de Gênero,
aprovada na semana passada no Senado argentino, também prevê tratamentos com
hormônios e realização gratuita de cirurgias de mudança de sexo na rede pública
hospitalar.
Atualmente, dois hospitais estão habilitados para realizar
a operação: o hospital Durand, de Buenos Aires, e o hospital Gutiérrez, de La
Plata. Juntas as duas unidades acumulam hoje uma fila de 25 pedidos de
cirurgias.
Entidades locais, entretanto, estão pedindo às autoridades
provinciais que novas equipes médicas sejam preparadas para atender a demanda
crescente.
Espera
Em entrevista à BBC Brasil, a transexual Silvana Daniela
Sosa, de 35 anos, contou que já se inscreveu para se submeter à cirurgia no
hospital Gutiérrez.
"Eu sei que existe uma lista de espera para a
cirurgia, mas estou feliz porque vai chegar o momento em que vou poder olhar
para o espelho e me ver como sou, uma mulher", disse.
Ela afirmou ser transexual assumida desde os 13 anos.
Porém, não possui os trinta mil pesos necessários para se submeter ao procedimento médico na
rede privada.
Transexual e ativista Silvana Sosa com a presidente Cristina Kirchner
"A cirurgia vai confirmar a mulher que já sou. Mas se
esperei até agora posso esperar um pouco mais", disse.
Ela trabalha como promotora de prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis no hospital Muniz, de Buenos Aires. Há pelo menos
seis anos milita na ATTTP (Associação de Travestis, Transsexuais e Transgênero da Argentina) participando de
campanhas a favor da aprovação da lei.
"Tenho orgulho de dizer que vou ser operada no meu
país, com médicos argentinos e graças a uma lei que nos igualará como cidadãos.
Vamos poder ter o corpo que queremos e o nome que escolhemos no documento”,
disse.
Sosa afirmou que
prefere não revelar seu nome masculino de nascimento e limita-se a dizer que é
M.A.
Ela também já iniciou os trâmites para a mudança de nome
na certidão de nascimento e no documento de identidade, como também autoriza a
nova lei.
O mesmo já fez Jorgelina Belardo, de 42 anos, que entrou
com ação na Justiça pedindo o direito a mudar de nome mesmo antes da aprovação
da legislação.
Belardo trabalha no
Instituto Nacional Contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (INADI) e
disse que também pretende realizar a cirurgia.
Tratamentos
Afirmou porém, que o procedimento médico "não é o
que mais lhe preocupa". Isso porque está ocupada entre o trabalho e os
estudos de direito e não pode parar agora para a etapa de repouso.
"A lei prevê o acesso à saúde como um todo, com os
tratamentos hormonais correspondentes, por exemplo. Além disso, antes muita
gente tinha vergonha de ir ao hospital e mostrar o documento. Agora, vai ser
diferente", disse à BBC Brasil.
De acordo com Paulón,
ainda é cedo para saber quantas pessoas vão buscar a operação para mudança de
sexo.
"Nós sabemos que a demanda para as cirurgias vai ser
grande e que os hospitais habilitados não poderão atender a esta procura. Por
isso, estamos conversando com os governos provinciais para que equipes médicas
locais sejam capacitadas e ampliada a
oferta para as cirurgias", disse.
Por sua vez, a presidente da ATTTA, Marcela Romero,
afirmou que "100% das pessoas transexuais" vão fazer novo documento e
que na entidade – a maior de sua categoria no país – estima-se que pelo menos
40% farão a cirurgia.
"A lei de identidade de gênero será uma forma de
combater a 'transfobia'. Não falamos de homofobia porque o gay ou a lésbica
pode continuar no armário, mas nós transexuais não. Temos maior exposição e por
isso a lei nos ajuda a não ser mais discriminadas na sociedade", disse.
Fonte: http://www.bbc.co.uk
Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.
Telefone para marcar consulta: 22 2643-6366
Nenhum comentário:
Postar um comentário