quinta-feira, 3 de maio de 2012



Malandragem

 Por  Terezinha Barreiro


“Malandragem 
Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola sozinha
Cansada com minhas meias três quartos
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má
Quem sabe o príncipe virou um chato
Que vive dando no meu saco
Quem sabe a vida é não sonhar...”        Cassia Eller


Então,  num  jogo perigoso e nefasto de corpo e palavras, um adulto seduz e violenta uma menina,  aliviando seus desejos ocultos e destruindo a pureza de uma infância. Pureza, sim, infância, sim, menina, sim!
Aos olhos de um estuprador, menina é mulher e mulher é qualquer coisa que possa satisfazer suas fantasias, por mais sujas e sórdidas que sejam.
O estuprador é o mais vil dos criminosos. Usando a covardia, impõe seu poder visando a necessidade de humilhar para sentir-se “dono” daquele corpo, daquela pessoa e daquela vida. Não sente culpa, pois  vê sua vítima como algo que  lhe pertence. Sente-se impotente diante do mundo real e por isso necessita exercitar suas fantasiosas e destrutivas ações de soberania aos que, por interpretação própria, lhe passem vulnerabilidade. Paralelamente, sua “presa” sente-se subjulgada, invadida e pequena, destruída em seus sonhos, seus anseios, sua fé e sua vida, revendo a cena vezes e vezes, se convencendo que “a culpa é toda sua” diante do fato e também pelos que ainda acreditam que,  se o estupro acontece é porque a criança “deu mole” e “tava pedindo por isso”.
Por mais que me venha à lembrança dos meus vinte e tantos anos de experiência em Psicologia e tantos outros em Sexualidade Humana, não consigo assistir, nem tampouco tolerar a visão desse quadro com parcimônia e complacência. Mais incrédula fico quando vejo a reação feminina ao estupro de “outras”, com alegação que: “tem meninas que pedem por isso e sabem muito bem o que estão fazendo”.
Fazendo das palavras de uma inteligente amiga, as minhas, que tipo de adulto idiota e doente não sabe se desvencilhar de um apelo sexual infantil?
Infelizmente, estupradores continuam livres, soltos em sua liberdade doentia de escolher a próxima vítima e sendo visto como alguém que deu apenas um “vacilo”.



Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.
Telefone para marcar consulta: 22 2643-6366


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