Para psiquiatra, elas não limitam seus desejos
necessariamente ao sexo do parceiro.
Decepção com ideal de romantismo pode explicar tendência comportamental.
Do G1, em São Paulo
Para psiquiatra, mulheres não limitam seus desejos
necessariamente ao sexo do parceiro (Foto: Divulgação)
A sexualidade da mulher, desde a simbólica queima
de sutiãs pelas feministas em maio de 1968, sempre foi um assunto polêmico. O
inegável, no entanto, é que, com o passar dos anos, a mulher tem se permitido
experimentar. Por conta disso, segundo o psiquiatra Jairo Bouer, é difícil
identificar padrões ou tendências comportamentais do sexo feminino. Bouer
é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
com residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP.
Ao longo de sua carreira, Bouer se especializou em comportamento e sexualidade.
Segundo ele, não é possível definir com exatidão se a mulher está mais aberta a
novas experiências ou se sua “liberação” está apenas mais aparente. “Uma
pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos, pelo Centro Nacional de
Estatísticas em Saúde (NCHS, na sigla em inglês), mostra que 15% das
universitárias, entre 19 e 24 anos, já tiveram relação homossexual. O
interessante, porém, é que a maioria delas não se declara homossexual ou
bissexual”, afirma.
De acordo com a psiquiatra Carmita Abdo,
coordenadora do Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas, além de homossexuais e heterossexuais podem existir diversas
opções sexuais intermediárias. “Essa situação de experimento é muito mais
antiga do que se pensa. O que mudou foi a forma de a sociedade enxergar
essa diversidade, com menos preconceito”, diz. Ainda segundo Carmita, a
orientação sexual não é uma escolha, mas um fator biopsicossocial, influenciado
pela hereditariedade e pelas experiências de vida de cada um.
Em show, cantora Preta Gil troca selinho com a
amiga Ana Carolina (Foto: Anderson Borde/Ag News)
Sociedade moldada
Para Bouer, a flexibilidade de escolhas propiciada
pelos novos moldes da sociedade tem feito com que a mulher não limite seus
desejos necessariamente ao sexo do parceiro. "Conheço casos de mulheres
que foram casadas por anos com homens e depois de uma decepção, por exemplo, se
apaixonaram por uma mulher. Depois do relacionamento homossexual pode acontecer
de ela voltar a se relacionar com um homem”, diz Bouer.
Um dos motivos que pode levar mulheres a ingressarem em uma relação afetiva e de
prazer com outras mulheres, sem considerar-se predominantemente homossexual,
pode ser o romantismo característico do sexo feminino. “Muitas vezes a mulher
se cansa do espírito masculino e consegue lidar melhor com suas inibições
sexuais se estiver se relacionando com outra mulher”, afirma Bouer.
A cantora Preta Gil concorda. “Eu acho que a mulher está se permitindo
experimentar e isso talvez aconteça por causa da decepção com o ideal de homem
e de romantismo”, diz. Preta afirma, porém, que essas mudanças de comportamento
podem ter aspectos negativos e positivos. “É bom porque a mulher passa a se
conhecer melhor e pode ser ruim se for encarado apenas como um modismo”, diz ao G1.
Sexualidade contínua
Para Bouer, a tendência ao experimento não tem
idade. “Tenho visto casos com mulheres de 14 a 50 anos. Entre as adolescentes é
um pouco mais comum do que era há alguns anos, mas pode ser por conta de um
menor preconceito, ou até por um certo modismo”, diz.
“Isso reforça aquela história de que a sexualidade é contínua. Não existe
apenas o ser heterossexual, homossexual ou bissexual. É possível não gostar
igualmente da mesma coisa em todas as fases da vida. E vale lembrar que nem
toda mulher está aberta a experimentar, e é exatamente essa liberdade de poder
ou não querer algo que faz a diferença”, diz.
Fonte: g1.com.br
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