terça-feira, 2 de maio de 2017

                           Apropriação Cultural x Racismo


Afinal de contas o que é de quem?

Por Redação


Thuane Cordeiro fez um post questionando o conceito de “apropriação cultural” depois de contar que foi repreendida por mulheres negras no metrô por estar usando um turbante, que para ela serve para disfarçar a queda de cabelo causada pelo câncer. Atitude dividiu opiniões e acendeu debate. 
A postagem da jovem Thuane Cordeiro questionando o conceito de “apropriação cultural” para o uso de turbante já passou dos 30 mil compartilhamentos. Ela conta que estava no metrô usando a peça na cabeça para disfarçar a queda de cabelo causada pelo câncer e que foi repreendida por mulheres negras, que julgaram que Thuane, por ser branca, estava se apropriando da cultura negra e que, por isso, não poderia usar o pano.
Trecho de sua postagem:
“Vou contar o que houve ontem, para entenderem o porquê de eu estar brava com esse lance de apropriação cultural:

Eu estava na estação com o turbante toda linda, me sentindo diva. E eu comecei a reparar que tinha bastante mulheres negras, lindas aliás, que estavam me olhando torto, tipo ‘olha lá a branquinha se apropriando da nossa cultura’. Enfim, veio uma falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante, porque eu era branca. Tirei o turbante e falei ‘tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu uso o que eu quero! Adeus.’, Peguei e saí e ela ficou com cara de tacho.”
“Vai ter todas de turbante, sim”, disse a garota ao final seu desabafo, que acendeu o debate sobre o termo “apropriação cultural” nas redes sociais.
As opiniões são divididas dentro do próprio movimento negro. Há aqueles que fizeram críticas à garota, a acusando de vitimismo e endossando a tese de que brancos não podem adotar elementos da cultura negra. Outros foram por outro lado, procurando entender o conceito de apropriação cultural, mas explicando que é preciso analisar caso a caso.
Sobre o caso, a filósofa e ativista feminista e do movimento negro, Djamila Ribeiro, escreveu:
A moça tem câncer e é complicado se isso realmente aconteceu. Sim, coloco em dúvida porque parece ter interesses aí.

O debate sobre a apropriação cultural não pode ser feito de modo individual, a meu ver. Estou mais interessada em discutir porque empresas lucram com a cultura negra enquanto a população negra morre. Porque cantores brancos medíocres enriquecem cantando samba enquanto compositores e cantores negros geniais morrem ou morreram na pobreza. Quero discutir o nosso apagamento e aniquilamento. Porém, o que aconteceu com a garota (se aconteceu) NÃO pode ser usado para deslegitimar um debate tão caro. Essa moça não pode reduzir a questão para dizer “vai ter branca de turbante sim” esvaziando uma questão tão séria, por fim, sofrimento NÃO é a mesma coisa que opressão.
Fonte: www.revistaforum.com.br 
Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.

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Um comentário:

  1. Penso que tirar o turbante de uma pessoa de qualquer cor, estranho falar assim, é cercear o direito e a liberdade de cada um usar, vestir, portar qualquer coisa de qualquer cultura. Se a moda da segregação pegar, de novo, vão tirar a roupa do Papai Noel se ele não for Finlandês.

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