Sou gay! Saindo do armário.

Por Terezinha Barreiro

A homossexualidade é uma das formas de expressão da sexualidade, portanto, não faz sentido viver uma vida dupla, a não ser por escolha da própria pessoa. Visando isso, fica claro que o "assumir que é gay" ou sair do armário fica a critério de cada um, mas não. Não consigo entender que sede é essa que o povo tem de saber como você faz sexo. Isso, pra mim, é fetiche ou falta de vergonha na cara. Já parou pra pensar na quantidade de hétero que é sadomasoquista, se amarra em levar porrada na cama, transa a três, quatro cinco, é chegado num swing, tem caso com a cunhada e por aí vai. Aí, quando se fala em gay dá um pití brabo. ... que isso não é coisa de macho, que merece levar porrada na cara pra aprender a ser homem, que é uma anomalia, que não é de Deus e blá, blá, blá. Que superficialidade. Quanta ignorância que, ás vezes, chego a pensar que essas pessoas que criticam, tão enfaticamente, são gays enrustidos. Tudo cortina de fumaça para os outros não perceberem.

O mais importante aqui é falarmos do por que sair do armário? Se nenhum hétero sai gritando que é hetero, por que o gay tem que contar pra todo mundo?

Outra questão:Pra quem você vai sair do armário? Sim, tem haver um alvo e se tiver esse alvo,  é provavelmente a família e os amigos. O que espera que mude contando a verdade? Será que você quer contar só pra se sentir aliviado? Se for por isso, mude de ideia. Isso é covardia. Usar os outros, sem saber a repercussão da notícia, só pra ficar se sentindo bem e deixar todo mundo mal é sacanagem. Então, contar tem que estar ligado a um conceito de vida igualitária. Jogo limpo. Tipo todo mundo sabe de todo mundo. Assim, sou gay, você é hetero, você não transa nunca, etc.

Objetivo? Cartas na mesa. Vamos ver então, essa cenário: Quem será o primeiro a saber? Em geral, o melhor ou melhores amigos. Eles sabem te escutar e serão peça importante no incentivo a contar pra família, se é que você assim deseja. 

Próximo desafio: Contar pra família. Algumas regrinhas pra ajudar a quem está atravessando essa fase.

1) Nunca conte a noite. O clima fica teso, você nem vai poder dar aquela saída se a barra pesar e a família vai ficar sem dormir, então, podendo evitar, JAMAIS a noite. 

2) Nunca em ocasiões festivas, tipo Natal, aniversário da família, o seu nem tanto, páscoa. Carnaval até que pode ser uma boa. O clima é relax. 

3)Nunca comece com uma aula de problemas infantis x aula de psicologia e anatomia. Vá direto ao ponto. 4) Nunca com visitas, especialmente de estranhos. Vão te comer vivo. Evite, também, a presença da avó/avõ. Nessa hora o choque de gerações fala mais alto. 

5) Não espere abraços e beijos. Esteja seguro  e sereno. Deixa a questão entreaberta se acha que pode ser bissexual. É melhor do que fechar questões com: eu uso azul ou eu uso rosa. A vida tem muitas nuances e o que te agrada hoje pode não agradar amanhã e vice-versa. Não faço o que vocè condena nos outros: Não julgue ninguém. A sexualidade é um campo minado, até mesmo para quem já chegou no ponto que queria, porque ninguém pode afirmar o que vai acontecer amanhã que poderá nos tirar da zona de conforto e pimba, se apaixonar pela nova vizinha ou colega de trabalho. Portanto, afirme só o que sabe. Sou gay, mas sou homem ou mulher, no caso das meninas. 

Enfim, seja seguro, autêntico, tenha certeza que homossexualidade não tem cura porque não é doença e por último, lance mão de uma pergunta, pra quem te questionar, que eu sempre usei no meu consultório: Mãe, o que você sente quando olha pra uma mulher na rua? (a mesma pergunta pro pai, sobre o que ele sente quando olha para homens

) A resposta deles é a sua resposta para o sexo oposto: NADA. E por isso sei que sou gay. Porque sinto atração por pessoas do mesmo sexo. E ponto. Espero que esse texto ajude algumas pessoas que possam estar passando por essa decisão, nesse momento. Ademais, boa sorte na sua nova caminhada.

Atendimento psicológico na Clínica Gênesis em Cabo Frio.

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